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Wednesday, 17 February 2010

Scoopy-i?

Lembram-se da minha Honda SH 125, também conhecida como Scoopy? Essa recordista de vendas na Europa (Portugal não é Europa, já se sabe) deixou saudades. A minha namorada hoje mencionou a hipótese de comprar uma. Fiquei admirado e a conversa trouxe algumas inevitáveis recordações. Mais sobre esse assunto quando houver novidades concretas. De qualquer forma, parece que "latas velhas" tipo Vespa ou LML é que não são com ela. Enfim...

Uma pesquisa na web para me por a par dos preços e características das actuais Scoopy's vendidas em Portugal trouxe também algumas descobertas. Ao longo dos anos e nos mais variados mercados onde a Honda vende scooters, o nome "Scoopy" tem sido associado a modelos que não correspondem exactamente aquela imagem a que estamos habituados por cá. Um deles parece-me particularmente curioso.

Assim, como sou um tipo com demasiado tempo livre nas mãos, deixo-vos com fotos da Honda Scoopy-i, da Tailândia (penso). Um pequeno passo para um blogger, um grande passo para o scooterismo:






Imagens: Honda

Wednesday, 3 September 2008

Custos & Considerações


Está a fazer precisamente dois anos que circulo por Lisboa de Scoopy. Dois anos desde que deixei de andar regularmente de automóvel e transportes públicos para passar a depender, quase inteiramente, da minha scooter.

É pois chegada a altura de fazer um balanço. O mais fácil é falar de números, por isso começo por dar conta das distâncias e custos totais para estes 2 anos:

Pneus: 2 (125 Euros)
Revisões: 3 (630,22 Euros)
Km percorridos: 16.000 km aproximadamente
Seguro (de responsabilidade civil): 2 anos 412 Euros
Consumo de combustível (média dos últimos 2000 km): 3,13 l/100 km

Média mensal: 625 km
Média de quilometragem mensal recente: 1000 km
Custo mensal gasolina: 30 a 50 Euros
Custo médio mensal global: 100 Euros

Há também a reportar um acidente (com ferimentos e despesas médicas na ordem dos 1.500 Euros) que envolveu reparações dos plásticos da Scoopy que ascenderam a 898 Euros.

Avarias: Fiquei sem bateria uma vez, a pobre já andava a dar energia à Scoopy há pelo menos 5 anos. Tive problemas com as suspensões, retentores à frente, amortecedores atrás. Os custos estão incluídos nos totais de manutenção.

É fácil concluir que circular de scooter não é assim tão barato e que envolve grandes perigos. É até demasiado fácil. A verdade é que, se fizerem as contas às despesas reais de um autómovel, como muito bem fez o autor do conhecido blog 100DiasdeBicicletaemLisboa, vão perceber que estes custos até são baixos. E poderiam baixar mais: a minha oficina não é das mais baratas. Se estivesse filiado em algum clube (não estou a falar de bola, mas do Vespa Clube de Lisboa, por exemplo) poderia conseguir aceder a um seguro muito mais em conta.

Vendo a proporção das despesas da Scoopy comparadas as que tinha com o meu carro, chego a um valor aproximado de 1/3!

Sim, é verdade, uma scooter não pode substituir inteiramente um automóvel. Uma scoooter não transporta móveis, bicicletas ou mais de 2 pessoas. Não é possível ir a Guimarães e voltar no mesmo dia de Scoopy! Há condicionantes, deve-se ter em conta a meteorologia (não queiram andar numa estrada nacional no meio de uma tempestade!), evitar andar de noite, planear bem os trajectos, em viagem fazer tiradas mais curtas, por causa do cansaço.

E sim, há perigos. As nossas estradas ainda estão por civilizar. As scooters são ágeis mas lentas. Muitos automobilistas não compreendem a natureza instável e frágil dos veículos de duas rodas, não respeitam distâncias de segurança, nomeadamente em ultrapassagem. Nos cruzamentos muitas vezes vigora, em lugar das regras de prioridade, as regras da intimidação.

A opção é sua, ou neste caso minha. A vertente prática, o poder estacionar em todo o lado, não perder tempo com o trânsito, mais o factor "fun" aliado a custos reduzidos, para mim não deixam margem para dúvidas. Mesmo os transportes públicos, demorados e mal organizados, não são concorrência. Prueba superada!

Monday, 4 August 2008

A saga dos pneus


A foto acima explica só parte do problema. Andava a pensar na idade avançada dos meus pneus e, consultando várias pessoas, fiquei com a impressão de que NÃO, não é boa ideia ainda ter os pneus de origem a rolar numa scooter que está quase a fazer 7 anos e que já passou dos 25.000km.

O piso ainda parece estar para durar, mas a verdade é que os pneus de 16 polegadas estão algo secos e gretados. Comecei a lembrar-me dos dias difíceis da scoopy, passando por vezes semanas na rua, sem uso, amarrada a um banquinho, não muito longe da casa da antiga proprietária. O que era um gozo para a garotada do bairro, que usava a scooter como aqueles brinquedos de moedinha dos centros comerciais, era para os componentes da “mota” uma tortura. Se admiro a Honda, é pelos pouquíssimos problemas que uma máquina com este historial me trouxe.


Comecei a pensar se seria sequer seguro papar quilómetros todos os dias encima daquela borracha. Consultados os experts, decidi que não era. Uma vistoria mais atenta às rodas revelou ainda um corte com ar perigoso no piso do pneu da frente. Estava decidido, era para trocar, e já!


Liguei para a oficina habitual Honda, e fiquei um pouco preocupado. Em primeiro lugar, os pneus que eu queria (uns Dunlop iguais aos de origem) não havia maneira de os arranjar. Depois, se eu aceitasse uns Michelin Pilot da mesma medida, teria que fazer uma encomenda. Quando os pneus chegassem, poderia então fazer a marcação para a troca de pneus... E agora o mais interessante, os pneus custariam 143 Euros e uns trocos. A isto havia que somar o custo da montagem.

Sim, eu compreendo que os senhores da Honda venderam poucas SH em Portugal e que talvez não faça sentido manter um stock de pneus de 16 polegadas disponível se ninguém está interessado neles. Também compreendo que as características do mercado português tornam certos produtos inevitavelmente mais caros. E eu até sou um tipo razoável. Se me disserem que é preciso esperar, eu espero. Se me disserem que é isto que custa, eu pago. Mas as duas coisas ao mesmo tempo, já me deixa a pensar. E o que eu ouvi foi mais ou menos isto: “Então o senhor aceita uns pneus que não são bem os que queria, paga mais por eles que o que pagaria por uns pneus de automóvel e depois logo se vê quando é que podemos monta-los na sua scooter”

Cento e quarenta e três euros (e trocos) mais a montagem? Para uma scooter? Serão reforçados a titânio e bons para 100.000 km?? E esperar pela encomenda e depois pela marcação?

Enfim, deve haver quem alinhe, mas não serão muitos, pelo tom de voz que o meu interlocutor da Honda assumiu quando lhe disse que iria pensar sobre o assunto.


Infelizmente, uma rápida pesquisa deixou claro que seria difícil conseguir pneus para a Scoopy em Portugal. Dei um pequeno passo para um homem, mas um grande passo para os preços e fui à net. Aqui encontrei o que procurava, por menos quase 50 Euros, já com os gastos de transporte incluídos. Os pneus foram pedidos no fim de semana e amanhã (Terça) já os tenho, se tudo correr bem. Agora começa outro capitulo da saga: arranjar uma oficina de pneus que se digne a montar pneus...

Friday, 18 July 2008

O dilema


Os leitores mais atentos (mas quem são vocês?!) terão reparado que as actualizações deste blogue são cada vez menos e porventura de cada vez menos interesse. É assim pelo menos que eu vejo a coisa. Só me resta explicar o porquê.

Tenho um novo emprego, que obriga a algum empenho e me consome bastante. Ainda me estou a adaptar ao sitio, ao trabalho e aos seus ritmos. Não tem sobrado muito tempo nem disponibilidade para estas páginas. Por outro lado, com este trabalho surgiu o possibilidade de conhecer de outra maneira certos aspectos do mundo das duas rodas. E ter algumas experiências bem interessantes. Nas últimas semanas, por exemplo, tive oportunidade conduzir todos os modelos de scooter da Honda e participar no ensaio da Suzuki Sixteen (essa meia prima da Scoopy) para a Motociclismo. É claro que gostava de ter aqui falado destes assuntos, mas, às questões já mencionadas (falta de tempo, bla, bla, bla) há que juntar o pequeno problema de não poder aqui partilhar fotos, uma vez que elas têm de primeiro ser publicadas por quem as pagou! Isso desmotiva-me de trazer para aqui alguns assuntos, que depois não posso desenvolver em pleno por essas razões profissionais. Um pouco frustrante.

Enfim, o blogue tem portanto estado em banho maria. Eu continuo a andar de scooter, todos os dias. A foto de cima foi tirada no fim de semana, em Vila Franca. Na verdade, depois de dois anos, já não me sinto muito maçarico, embora tenha consciência de que ainda sou relativamente inexperiente. E essa é outra questão, o objectivo inicial destas páginas era partilhar a visão de um scooterista iniciado e eu já não me vejo como tal...

Então, valerá a pena continuar? Só mais um blogue, com um tema bastante especifico, escrito numa língua minoritária..? Eu ainda penso que sim, mas não com muita energia.

Achei que devia esta explicação.

Tuesday, 10 June 2008

Venham mais 24000


Depois de 4 dias, a Scoopy ficou pronta. Já aqui relatei as minhas aventuras pedestres e em transportes públicos. Houve depois dias em que me desloquei de enlatado... Não foi bonito. Já não estou acostumado a engarrafamentos, apanhei alguns e ... Foi mau. Muito mau.

Como há paciência para aturar aquilo todos os dias (tipo meia hora para ir de Sta. Apolónia até à praça do Comércio) e recusar qualquer alternativa é algo que não compreendo. Talvez estejam todos a tomar Xanax, o que só não explica a condução agressiva...


Enfim, sobrevivi a tudo isso e tenho a Scoopy de volta. Com 24.000 km, uma correia nova, roletes novos, óleo e filtros novos... Um brinco. Os travões foram afinados e volto a reparar que agora é que ela trava bem. O tambor vai perdendo eficácia e eu só dou por isso quando a scooter vem da revisão.

Como não podia deixar de ser, fui passear e não resisti a mais umas fotos com o brinquedo. Reparem na caixa do filtro de ar: como não está pintada, o plástico está a perder a cor. É pena, ela de resto está tão gira...

Thursday, 5 June 2008

Anti-Scoopy

Enquanto a Scoopy espera na oficina por peças que hão de chegar da Bélgica, fiquem com este vídeo da primeira concorrente séria ao domínio da Honda no segmento das scooters de roda alta. É a Suzuki Sixteen, um esforço respeitável por parte da marca japonesa para chegar ao mesmo patamar da SH 125/150. A scooter está bem conseguída, esteticamente destaca-se e parece estar a anos luz (em termos de qualidade) dos clones chineses da SH que proliferam por essa Europa fora.



Restantes vídeos (II e III) aqui e aqui. Mais informações aqui (em italiano).

Tuesday, 3 June 2008

Revisões

A Scoopy está de volta à oficina da Honda, desta vez para a revisão dos seus já respeitáveis 24.000 Km. Tinha prometido a mim mesmo que não voltava aquele sítio, mas a falta de alternativas e o pouco tempo disponível para outras soluções tornaram pelo menos mais esta visita inevitável. Já preparei a carteira...

Sem a Scoopy, o dia foi bem diferente. Para pior. Não é só a minha scooter que precisa de uma revisão, há por ai muita coisa a precisar também de ser revista! Logo para começar, fiquei apeado na zona industrial de Alfragide. Tinha pensado que me safava de transportes públicos, mas não foi bem assim. Primeiro, há que referir que toda aquela zona é impiedosa com os peões. Os passeios simplesmente não existem, e onde os há estão automóveis a ocupa-los. Aliás, alguém deveria atribuir um prémio especial para os arquitectos acéfalos por detrás do novo centro comercial Jumbo: eles conseguíram fazer mais um monumento ao grande Deus Automóvel, um edifício totalmente desprovido de acessos pedestres, sem fachada, e sem portas térreas. Quer entrar? Entre pelo parque de estacionamento, a única maneira civilizada, pois então. As zonas relvadas à volta do centro estão marcadas por vários carreiros, prova desnecessária de que ali andam pessoas, seres humanos, sem rodas, que mereciam no mínimo uns palmos de passeio. A câmara municipal naturalmente aprovou de bom grado mais este mono de "Shopping" e sua zona envolvente. Assim continuamos com uma visão urbanística 20 anos atrasada, ou pior, sem visão nenhuma.


Mas voltemos ao meu dia sem a Scoopy. Para sair da bela zona de Alfragide, esperei um bom bocado e apanhei um autocarro da Vimeca, conduzido por um pseudo-Fitipaldi bastante antipático. Paguei pelo bilhete 1.80 Euros, e obtive em troca uma viagem desconfortável (muito por culpa da condução marroquina do motorista), na companhia de miúdos de bairros sociais e quase uma hora de voltas desnecessárias por Carnaxide e Linda-a-Velha. No Alto de Santa Catarina saí, para caminhar o resto do percurso até ao meu emprego, no Dafundo. Como é natural, cheguei tarde ao trabalho. De Scooter teria levado um terço do tempo, ou menos, e chegado confortavelmente a horas.

No regresso, a caminho da fisioterapia, fiz uso do comboio (1.25 Eur) e do Metro (1.20 Eur). Levei uma hora a chegar, mais do dobro do tempo que a Scoopy necessita para cobrir a mesma distância. O conforto é razoável, especialmente no comboio (CP, linha de Cascais) que posso mesmo considerar agradável. Depois, do Hospital para casa, voltei a recorrer ao Metro e ainda tive que caminhar um bom bocado, que é como quem diz mais de 20 minutos. Resumindo, cheguei a casa mais de uma hora depois do habitual. Gastei no total cerca de 5 Euros em transportes, passei o dia a chegar atrasado aos sítios e ainda tive que caminhar bastante. Sinceramente, os transportes públicos fazem todo o sentido, mas os que temos não ameaçam o meio de transporte mais prático de todos, para não dizer divertido... Já sinto a falta da Scoopy!

Tuesday, 20 May 2008

O Scooterista Hardcore


Desde que voltei a andar de scooter, depois de dois meses parado, não quero outra coisa. Na verdade, até ando a despachar mais quilómetros diários que anteriormente. E a fazer coisas que antes não fazia. Nestas duas semanas, já perdi a conta às molhas que apanhei, às vezes que entrei em vias rápidas e às misturas de ambas as coisas. Não há muito tempo, eu fugia destas duas situações como alguns notáveis da nossa praça fogem à justiça. Agora... Chuva torrencial na CRIL? no problem. Segunda circular à noite e a chover cães e gatos? Tá-se.

Até ver, sem problemas, sem sustos. O enlatado portuga ainda tem muito que se civilizar, mas eu aceito os riscos. Porque vale a pena e há dias em que se ando com um sorriso de orelha a orelha é à conta da Scoopy.

Na Bomba

Hoje de manhã estava a abastecer perto de casa e o homem que estava a encher um furgão do outro lado da bomba diz qualquer coisa como "Isto está bom é para andar de bicicleta", enquanto olha para a Scoopy. Eu olho, também, e tanto quanto me lembro a Scoopy é um bocado diferente de uma bicicleta, mas não comento. Digo-lhe que andar de bicla não é nada mau. Ele deixa-se estar a olhar para a minha Honda, enquanto segura com ar triste na pistola e o valor a pagar pelo combustível do seu Mercedes Vito vai crescendo e crescendo... Eu espero um bocado, e com um sorriso, em jeito de confidência, aplico o golpe de misericórdia:

-Gasta 3 litros aos cem...

Saturday, 10 May 2008

I'm back, baby!

Sim! Depois de dois meses e uns trocos, estou de volta ao assento confortável da velha Scoopy. Ainda estou a fazer fisioterapia, está a correr bem e com a ajuda de bons profissionais. O pé precisa de ser estimulado ( e, aparentemente, também precisa de ser apertado, torcido e esticado, até doer...) mas já não havia nenhum motivo para eu continuar a aturar taxistas e filas de trânsito. Estava com receio de ter alguma chatice quando pusesse o pé no chão, ao parar, mas não há problema. Custa muito mais andar!


Hoje fiz trinta e poucos quilómetros, só um passeiozinho até ao Parque das Nações, para desenferrujar. A Scoopy está uma maravilha, pegou à primeira, depois de 3 semanas parada. Depois engasgou-se, mas à terceira lá se aguentou. Os travões foram afinados e estão mesmo no ponto. Aquilo soube muito bem!

O tempo estava instável e havia mais enlatados que o desejado, mas mesmo assim deu para sentir o vento na cara e aquela sensação de liberdade... vocês sabem do que estou a falar!

Monday, 21 April 2008

Scoopy Rides Again


Sim! 47 dias, 900 Euros e muitas chamadas telefónicas depois, a Scoopy está de novo na estrada. Não que eu tenha pago alguma coisa, era o que faltava, mas 900 euros parece-me muito dinheiro por uns quantos plásticos novos. Sim, porque a reparação resumiu-se a isso, e ainda por cima o guarda lamas (novo) ficou assim a modos que torto. Quando dei por isso, o recepcionista já tinha desaparecido para almoçar e eu resolvi trazer a Scoopy assim mesmo.

Aqui estou eu com o meu recente aspecto de ermitão, à porta da Santomar em Alfragide. (Ermitão, cego... e coxo!)

A Marta, habitual pendura, fez o gosto ao punho e tratou de trazer a Scoopy para casa, em grande estilo. Esteve um dia excelente! Do carro de apoio, livre de conduzir, eu fui fazendo umas fotos.

Rotunda em Miraflores

Quase em casa!

Estão a olhar para onde??

Agora, mais um par de dias e espero ficar também eu operacional, e sem nada torto. O gesso será retirado na quarta e o raio-x ditará a sua sentença. Façam figas!

Thursday, 27 March 2008

No news - bad news?

A Scoopy continua entregue à oficina e eu não sei de mais nada. Entretanto fui alertado para a possibilidade de o valor da reparação poder ultrapassar o valor comercial da scooter...

Admito que não tinha pensado nisso. Sei que ela já tem uns aninhos, é de 2001. E sei que os senhores da Honda podem ser careiros. Mas simplesmente achei que não havia assim tanto para arranjar. Agora já não tenho tanta certeza.

Por outro lado, alguém da seguradora "ofereceu-se" para vir a minha casa. Diz que tem que me entrevistar para ficar com a minha versão do acidente e fechar o processo. Acho isso um bocado estranho, mas não tenho muita coisa para fazer, por isso, mais uma vez, é esperar para ver.

Esta foto (do meu telemóvel) de à dois dias é do momento em que a Scoopy estoicamente se prepara para a viagem de reboque para a oficina. O homem teve um certo trabalho a prendê-la, e foi simpático, mas lá adiantou que preferia "carregar 50 carros a carregar uma mota!". É claro que aquilo dá imenso trabalho porque está mesmo feito à medida para o transporte do grande rei-deus-automóvel. (Mesmo estando ao serviço de uma oficina de motas.) Tudo o resto naturalmente só dá é chatices. Enfim...

Já me esquecia, encontrei nos vastos arquivos do You Tube umas imagens de outra SH cinzenta acidentada. A mota, espanhola, é perda total, mas ilustra ao mesmo tempo como este modelo é resistente e como todo o cuidado na estrada é pouco.

A nova Vespa?


Não, não estou a falar de nenhum novo modelo da Piaggio. Refiro-me ao facto de a Honda SH ser hoje tão popular e comercialmente tão dominante em alguns mercados que se poderia dizer que é a "nova vespa".

Blasfémia!! gritarão alguns.

Pois. Mas esqueçam só por um momento questões históricas e considerações estéticas. Não que eu ache tais coisas menos importantes, mas vamos focar-nos noutros factores: a mera predominância do bicho, nas ruas de Roma ou Barcelona. As estradas de Italia, só para citar o exemplo mais interessante, estão cheias de Hondas SH! E algumas (muitas) cópias baratas. É a scooter por excelência dos nossos tempos.

Todos os modelos recentes da saga SH foram desenhados e fabricados em Itália.

Façam uma pesquisa no You Tube e tentem contar o número de vídeos com pessoal a fazer macacadas com SH's.

É um modelo que apela a toda a gente, pessoal que quer somente um veículo utilitário, pessoal que artilha a sua SH, muitas mulheres (eu comprei a minha a uma amiga), malta que faz corridas de SH! Enfim, há um sem número de semelhanças curiosas entre este modelo e as vespas clássicas do passado, para lá da dominância no mercado.

Mas para quem não gosta da comparação, há mais um dado a apontar. E essa questão é que me fez escrever o artigo: os clubes! Sim, tal como os clubes de scooters clássicas a que estamos habituados, há agora clubes de Honda SH. Eu diria que isso já é alguma coisa. Que alguém queira ir à net falar da sua scooter com outros proprietários do mesmo modelo e que queira alinhar em passeios ao fim de semana, é algo bem diferente de ser "só" o proprietário de um veiculo prático e económico. Pode não ter o glamour, o carisma de outros modelos, mas a Scoopy já não será só mais um "aspirador"...

Tuesday, 25 March 2008

Desenvolvimentos

Acabo de voltar da oficina. A Scoopy seguiu ontem para lá, por reboque. A peritagem estava marcada para hoje, às 08:30, mas não consegui ver o tipo, parece que as horas indicadas pela seguradora continuam a ser isso mesmo, indicações. O perito aparece quando lhe apetecer.


Estive a olhar bem para a scooter e nem há assim muito para arranjar, a Scoopy é muito resistente. Mesmo muito. Aliás, comprovem vocês mesmo, as fotos que apresento são as consequências visíveis de um embate a 40-50 km/h com um BMW, cujo dono diz que ficou com o para-choques partido!


Mecanicamente, em termos de motor, suspensões, travagem, parece estar tudo normal. Depois de duas semanas parada, pegou à segunda. A direcção está torta e a roda talvez empenada, não sei.


O pior são os plásticos, aquilo é tudo feito de pequenos encaixes e com uma pancada, partem-se metade. Os painéis ficam no sítio na mesma, com o resto dos encaixes a segurar, mas depois abana tudo e é ruidos e rangidos que nunca mais acabam.


Um olhar mais atento para o escape e vão descobrir uma marca na grelha de protecção. Aquilo está amachucado, mas não foi de bater no BMW, nem de bater no asfalto. Aparentemente foi o meu pé...

Tuesday, 22 January 2008

Scoopy review

Lembrei-me de uma coisa. Já falei muito da minha Honda SH, mas nunca perdi muito tempo com as suas características e capacidades, e esse género de informação que pode interessar a um comprador curioso ou indeciso...

Bom, a Honda SH 125, conhecida como "Scoopy" (embora esse nome não surja em nenhum lugar da mota) é uma scooter de roda alta muito popular em países do Sul da Europa, como Espanha e Itália, onde domina o top de vendas há anos, mas não tanto aqui em Portugal. Segue o esquema típico destes veículos, com rodas de 16 polegadas à frente e atrás, um motor enérgico para os seus 125 centímetros cúbicos de cilindrada, que no meu modelo de 2001 são servidos por um carburador. Não tem "ar", ou seja, tem mistura automática e tudo o que o condutor tem que manusear são o acelerador e os travões.

Dispondo de 13 cavalos, mais coisa menos coisa, a Scoopy consegue arrancar à frente do trânsito nos semáforos (a maior parte das vezes). Em cidade, mantêm sempre fôlego mais que suficiente para que eu me sinta seguro, mesmo a subir, ou nas grandes avenidas, onde ninguém parece cumprir os limites de velocidade. No entanto, as vias rápidas que nasceram em Lisboa um pouco por toda a parte trazem já problemas sérios, uma vez que nem sempre é possível manter-mo-nos ao ritmo (louco) do trânsito. Eu evito circular por estas vias sempre que posso.


Mesmo assim, as performances são muito razoáveis, a Scoopy arranca sem esforço e notavelmente depressa até aos 40-50 km/h, circula sem esforço a mais de 70 km/h e chega supostamente aos 105 km/h, embora na minha mão só tenha chegado aos 100. Não costumo forçar essas velocidades com frequência: eu meço quase um metro e noventa e ofereço muita resistência aerodinâmica, além de que a partir dos oitenta nota-se que o motor já vai em esforço. Digo isto pelo som, uma vez que a Scoopy não tem naturalmente conta rotações, embora disponha de um agradável mostrador com velocímetro, indicador de temperatura e indicador de combustível, sem luz de reserva. Possui ainda um relógio digital e um conta quilómetros parcial.

Em andamento a Scoopy é confortável, fruto do assento longo, largo e ergonómico, perfeitamente capaz de transportar duas pessoas adultas, e de umas suspensões muito razoáveis (forquilha telescópica à frente e um par de amortecedores atrás, estes com 3 posições de regulação). Mais uma vez, o meu metro e noventa por vezes condiciona o conforto, nomeadamente com passageiro, mas a solo, e em geral a moto é um sitio agradável para se estar. Um aviso sobre a altura do banco, para mim está perfeita, mas para os mais baixos pode ser um problema.


A travagem é só razoável, não muito forte. Isso sim, é bastante segura, fruto da travagem combinada: é quase impossível bloquear qualquer roda, mesmo a de trás! Circulando por Lisboa, as rodas grandes fazem notar as suas vantagens, uma vez que as inúmeras irregularidades e buracos de Lisboa são ultrapassados quase sempre sem problemas, embora com algum desconforto provocado sobretudo por abanões e sacudidelas de alguns plásticos. Isso pode ser um problema específico desta unidade, uma vez que ela já tinha tido algumas quedas antes de eu a comprar...

Em termos de aspectos práticos, a Scoopy peca pela falta de espaço debaixo do assento, mais uma vez, não é defeito, é feitio, já que isto é um problema comum a quase todas as scooters de roda alta. Lá caberá só um pequeno capacete Jet, mesmo assim a sua utilidade não é negligenciável. Por outro lado, a plataforma plana para os pés, mais um conveniente e muito inteligente gancho e a cómoda grelha porta-bagagens ajudam a transportar cargas na Scoopy.
O passageiro dispõem também de poisa pés retracteis, e para finalizar a lista do equipamento é de referir que a Scoopy tem um muito útil, mesmo que pouco usual, travão de mão, uma pequena palheta que prende a manete esquerda e assim imobiliza as rodas.


Para finalizar, de referir que a Scoopy nunca me deu problemas mecânicos, tive apenas que trocar de bateria uma vez. As revisões são feitas na Honda cada 4000 km e os consumos são muito agradáveis, nunca gastei mais que 8 Euros para encher o depósito, o que se traduz num consumo médio de 3 litros por cada 100 km...

Para mais informações podem consultar os dados técnicos aqui e ler um ensaio do mais recente modelo, aqui (em Francês)

Monday, 22 October 2007

Rumo ao Sul


Mais um fim de semana prolongado, mais uma expedição de scooter. Desta vez, no fim de semana que englobava o 5 de Outubro, resolvemos rumar a Sul. A ideia era proveitar o que ainda sobrasse do calor, do espirito de férias, do verão, que este ano se mostrou tão tímido.

Como de costume, não fizemos grandes planos, nem reservas, e simplesmente preparamos o material do costume (ver 500 Km de Scoopy), verificamos as previsões meteorológicas e fizemo-nos à estrada, em direcção à Ponte Vasco da Gama. Já tinha lido inúmeros relatos de vespistas intrépidos que circulavam por ali a caminho do Sul do País, aparentemente sem problemas. Mesmo assim, recordando a experiência na Recta do Cabo, não estava muito entusiasmado com a ideia de atravessar 12 km de "autoestrada" na Scoopy, carregada e com duas pessoas a bordo. Mas a travessia decorreu sem incidentes, e seguimos para Setúbal, onde retemperamos forças com sardinhas e choco frito. Uma delicia!


Com o Estômago aconchegado, seguimos no Ferry para Tróia, já bem animados e com espírito de viajantes. A estrada para Sul, sempre o mais próximo possível do mar, era bem agradável, mas havia muito trânsito automóvel, a praticar as costumeiras manobras xico-espertinhas, que não nos deixavam tranquilos. Havia também as raízes das arvores à beira da estrada que provocavam umas bolhas no asfalto. Estas eram claramente perigosas para uma scooter como a nossa, as suspensões não as digeriam e provocaram alguns sustos. Entretanto, descuidei-me com a gasolina e tivemos sorte em poder abastecer num posto em Melides, já a funcionar a vapores, com a agulha completamente fora da escala. Poucos quilómetros depos depois, cruzamos caminho com uma longa caravana de viaturas clássicas, e não resistimos a ir atrás deles para umas fotos, saindo por momentos do nosso percurso Norte-Sul. Felizmente a perseguição não durou muito e pudemos admirar uns belos exemplares de Vespas e algumas motorizadas cuidadosamente restauradas.


Depois tuo ficou mais fácil. Nas estradas largas de acesso a Sines, a Scoopy carregada quase chegou aos 100 km/h, sem que eu tivesse a sensação que estava a forçar o motor. A partir de Sines, o ritmo foi mais tranquilo e fomos apreciando a bela paisagem. Vimos tambem pelo caminho inúmeros ciclistas que estavam aparentemente a seguir o mesmo percurso que nós, e levavam bagagem e material de campismo. Uma ideia que também já alimentei no passado e que espero realizar um destes dias.

Cansados e com o pôr do Sol a um par de horas de distância (tínhamos partido tarde), resolvemos procurar alojamento em Porto Covo. A nossa preferência era por Bungalows em parques de campismo, mas depressa descobrimos que não tínhamos sido os únicos a pensar nisso. A senhora da recepção do parque da Ilha do Pessegueiro riu-se na nossa cara, quando lhe dissemos que não tínhamos reserva. A reacção foi mais ou menos a mesma por todo o lado, inclusive em hotéis. Tudo lotado. "É fim de semana grande, percebe?" Percebo. Mas então e a crise?


Resumindo, acabamos a pagar um preço absurdo por um apartamento excessivamente piroso no centro de Vila Nova de Milfontes. Aceitamos tudo, de tão cansados que estávamos, não sei se da viagem, se do susto de não ter onde dormir e posterior procura intensiva de alojamento. A Marta ainda disse que a praia era sempre uma opção, mas eu queria uma cama e já não estávamos propriamente em Agosto...


O Lugar era, ainda por cima, barulhento e com automóveis a mais, que estacionavam em qualquer sítio e de qualquer maneira, como se de Lisboa se tratasse. Enfim, resmungamos um bocado e depois resolvemos aproveitar o melhor possível.


Demos passeios à beira mar, onde ainda se podiam ver alguns aventureiros a tomar banho, passeámos por Porto Covo, demos as voltas todas da praxe. Resolvemos tambem aproveitar a infraestrutura que tínhamos ao nosso dispor e jantamos sempre em casa, com produtos recém comprados num Ali Super do outro lado da estrada. Senti-me um pouco como a família de Chelas em férias num T0 em Armação de Pera, mas agora já não havia muito a fazer...


Na Manhã de Domingo estávamos de regresso à estrada, e fomos rumando a norte tranquilamente, aproveitando o pouco trânsito que havia na estrada. Fomos parando para fazer fotos e a hora do almoço apanhou-nos antes de Tróia, pelo que almoçamos num restaurante muito bem frequentado uns quilómetros antes da península.


Pouco depois, começava-mos de novo a capitalizar no facto de andarmos de scooter: no ferry para Setúbal, como tinha-mos descoberto na vinda, as motos, ciclomotores e bicicletas podem passar à frente na fila. O que aliás faz todo o sentido. Desta vez porem, não pagámos bilhete de ciclomotor como tinha acontecido antes, contrapondo o senhor da bilheteira que "aquilo não é uma scooter, é uma mota." Não o estávamos a tentar enganar, a Scoopy é uma scooter, não lhe vou chamar outra coisa... Questões de cilindrada à parte, voltámos mais à frente a escapar de uma enorme fila nas portagens da Ponte Vasco da Gama, depois de uma curta viagem em autoestrada a velocidades vertiginosas. Sim, perto dos 100 km/h! Desta feita a Scoopy chegou cansada (quase em sobreaquecimento) a casa, tal como os donos, que apesar disso ainda tiveram muitos afazeres nesse domingo, que passaram por mais uma tentativa de vender o carro e ver uma mota para a Marta...

Thursday, 4 October 2007

500 km de Scoopy (2ª Parte)

Éramos practicamente os únicos ocupantes do parque de campismo, e mesmo as poucas outras pessoas que víamos tinham o estranho hábito de desaparecer rapidamente. Um dia vimos uma tenda a ser erguida de manhã e de tarde já lá não estava... E de noite o ambiente era ainda mais estranho, o parque deserto, a nossa pequena tenda sozinha no meio das árvores... A verdade é que normalmente estávamos tão cansados que não perdíamos o sono com estas questões.

Os dias foram ocupados com passeios a Martinxel, Abrantes, Tomar e arredores. As estradas locais eram razoáveis e os condutores pareciam menos stressados e mais atentos que os habituais enlatados da capital. Por norma as ultrapassagens eram feitas respeitando as distâncias de segurança e, embora também circulassem demasiado depressa, pareciam mais atentos às particularidades de um motociclo. De resto havia uma maior consciência geral em relação às duas rodas. Vimos, por exemplo, vários locais de estacionamento para motociclos, coisa que em Lisboa é actualmente pouco mais que um mito.

Nas estradas secundárias, a Scoopy, aligeirada da sua carga, não tinha problemas em manter um ritmo confortável. Só nos sentimos mais tensos quando tivemos de utilizar estradas com muito trânsito, em redor de Abrantes, por exemplo. Mas normalmente era um prazer circular tranquilamente, apreciar a paisagem e descontraír. Estava um pouco receoso de andar de noite, mas em alguns dias isso foi mesmo inevitável e fomos brindados por uma iluminação perfeitamente capaz. Não me esqueço de uma viagem de regresso de Constância, depois de um jantar no único restaurante local ainda aberto. Era uma noite sem Lua e entre nós e os sacos-cama quentes e macios (na tenda!) estavam uns quilómetros de estrada recheada de curvas apertadas, temperadas com repentinas subidas e descidas... Um carrocel de adrenalina para a malta das RRs sem dúvida, mas eu estava mais preocupado em saber se conseguiria sequer ver alguma coisa. Esse problema posto de parte (a iluminação da SH parece a de um automóvel) a condução não deixava de ser extremamente exigente. Fiz aquele caminho várias outras vezes e nunca consegui sentir, em nenhum momento, que tinha tudo sobre controle. Acho que tenho que lá voltar.


Os nossos dias de férias passaram depressa, aquelas jornadas de passeios estavam prestes a terminar. Voltávamos com as memórias, como a da senhora octogenária que vendia frutos secos à beira da estrada e nos confidenciou que também ela era motociclista, ou a perene imagem do paredão iluminado da Barragem, das construções monumentais de Tomar, do jardim em Abrantes com o seu velho e venerável corvo negro, a loja de bicicletas onde comprei um capacete integral, os voluptuosos jantares no Ti Coimbra... Era enfim tempo de voltar, e já suspirávamos só de pensar na Lisboa poluída, habitada por demasiada gente medicada ou com uma urgente necessidade de o ser.

Fizemos paragem no Castelo de Almourol, para mais uma vez admirar aquela construção saída de um conto de fadas. Depois demorámo-nos no Entrocamento e quase sem darmos por isso estávamos às portas da capital. Parámos numa bomba de gasolina para nos prepararmos para o que estava para vir. O vento tinha-nos acompanhado mais uma vez todo o caminho e o seu efeito acentuava-se agora que estávamos na planície. O trânsito era muito intenso e a famigerada Recta do Cabo não estava muito longe. Desta vez eu tinha um capacete integral, mas fora isso a nossa situação não tinha melhorado muito: Continuávamos à mercê do vento lateral, e era por isso impossível circular a mais de 70-75 km/h. A SH estava capaz de fornecer um pouco mais de velocidade de ponta, mas o vento tornava tal prática num eventual suicídio. Os modos dos camionistas e motoristas também não tinham melhorado. Estava toda a gente demasiado excitada e apressada para reparar que faziam as ultrapassagens dentro da nossa faixa, por vezes tão perto que eu temia que a propria oscilação provocada pelo vento originasse uma colisão. Por diversas vezes buzinei para evitar o choque, mas isso parecia só motivar gestos agressivos, quando não absoluta indeferença. Fomos inclusivamente ultrapassados por um pesado, que assim que se viu apretado por alguém que vinha em sentido contrário, atirou com a enorme caixa de carga para cima de nós. Esta estava à altura dos meus olhos e gelei quando a vi a aproximar-se, tive literalmente que me desviar para salvar a cabeça, quase invadindo a berma.

O mais revoltante era saber que a velocidade máxima permitida em quase todo o percurso era 80 km/h e nós estavamos quase a atingi-la. Os camionistas circulavam alarvemente a mais de cem e os ligeiros à velocidade que conseguissem. Todos faziam as ultrapassagens “suicídas” que tornaram os portugueses famosos por esse mundo fora. Quase a chegar à ponte de Vila Franca, em que surgem duas faixas para o sentido em que seguíamos, tínhamos um enorme TIR a morder-nos os calcanhares. Já só lhe via a grelha no retrovisor e ouvia um rugido enorme enquanto a pesada máquina balançava de um lado para o outro, impaciente por nos ultrapassar. A pressão era tal que cheguei a pensar em desistir, abdicar do meu direito de utilizar a via e circular pela berma, pelo menos até chegar à ponte. Mas a berma estava em muito mau estado e cheia de detritos vários, pelo que depressa esqueci a ideia e voltei a concentrar-me na condução. Os metros iam passando e acumulando, e nós ainda ali estávamos. A Ponte cada vez mais perto. A determinada altura o camião atrás de nós parece ter desistido da ultrapassagem e parou com seu bailado infernal, resignado a não nos passar. Pobre coitado, deve ter chegado 25 segundos mais tarde ao destino, por nossa causa.

Apanhei a saída para Vila Franca e fomos dar com o engarrafamento da hora de ponta local. Estava ainda a assimilar a informação de ter saído daquela tortura e dei por mim a entrar na cidade aos gritos: “Estou vivo!” dizia gesticulando energicamente para os incrédulos enlatados, imobilizados no trânsito. “Estou vivo!! Ainda estou vivo seus #$%@#»&!!!”