Sunday 21 March 2010

Quando ficar verde, corra!


Assim sub-intitula o Público uma peça sobre semáforos. Se ainda não era notório para toda a gente, as autarquias portuguesas tem vindo, ao longo dos anos, a encurtar o tempo de passagem para peões nas passadeiras com semáforo. A coisa chega ao ponto de em alguns sítios só um atleta olímpico, em pico de forma, conseguir atravessar a estrada antes do semáforo dos peões regressar ao vermelho.

Se fica difícil para uma adulto saudável atravessar a estrada em condições de segurança, que dizer de crianças, idosos ou pessoas com dificuldade motoras. Podemos juntar a isto o facto de muitas passadeiras terem simplesmente sido abolidas e de alguns semáforos levarem por vezes eternidades (cerca de quinze minutos na Av. da Liberdade, em Lisboa!) a deterem o tráfego dos pópós, para permitirem que uma pessoa atravesse a estrada. Depois há a permissividade das autoridades perante o estacionamento selvagem, em cima de passeios, bloqueando a passagem, ocupando praças, jardins, pracetas, caminhos. E a abolição pura e simples de passeios para alargar as faixas de rodagem, a criação de pontes pedonais que obrigam as pessoas a desvios de centenas de metros, para não interromper o sagrado fluxo do transito automóvel e todo um longo e penoso et cetera, deixa claro que, não só se continua a incentivar as pessoas a levarem o seu carro para todo o lado, como se reprime fortemente quem quer chegar ao seu destino a pé. Ou de outra forma qualquer.

Está mentalidade, esta paixão avassaladora (e cega) dos portugueses pelo automóvel, está tão enraizada que as poucas vozes de inteligência que sobrevivem num mundo árido e sem lei não se conseguem fazer ouvir. Em vez delas, os poderosos lobbys do sector asseguram que nenhum município se atreva a modificar este paradigma, que tanta qualidade de vida já fez perder. Há quem veja nisto tudo um inevitabilidade a que gostam de chamar "progresso". Certamente essas pessoas nunca sairam de Portugal...

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