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Sunday, 13 January 2008

Scooter..? Porquê? (Parte 2)



Pensei em muitas maneiras de conseguir utilizar a bicicleta como veículo utilitário, mas falhava sempre alguma coisa. Se fosse muito perto, ia a pé. Qualquer coisa acima de 2 km já merecia a pena, mas para distâncias maiores que 12 km havia o factor transpiração, teria que levar roupa para trocar, eventualmente tomar banho. Onde? E depois havia as estradas. Na altura não morava em Lisboa e as principais vias de acesso para mim eram a A5 e a estrada marginal. Nem mesmo a Marginal, com o seu sistema de semáforos (e agora radares) oferece as mínimas condições de segurança a um ciclista.

Ainda penso que a bicicleta é o veículo supremo, ecológico, divertido, uma proeza de engenharia e simplicidade onde somos nós que brilhamos (ou não). Mas eu precisava de outra coisa...

Resolvi experimentar os pequenos motociclos, esses descendentes da moderna bicicleta. Para isso tive de tirar a carta de mota, um desejo muito antigo. No inicio de Setembro de 2006, montado na Yamaha XJ 600N de uma escola da capital, passei no exame. Muito haveria a dizer sobre o ensino de condução em portugal, mas isso fica para uma outra oportunidade. Com a licença na mão, uns dias depois, não tive mais que pegar na fiel Scoopy, que estava já parada à porta de casa. Sim, porque ainda antes de passar no exame de condução já tinha combinado a compra da Honda SH 125 da minha amiga Ana, que trabalhava agora tão longe de casa que a scooter pouco uso tinha.

E porque escolhi a Honda SH, além do preço e a confiança? Bom, para começar sempre tinha admirado o design das scooters, a ideia de esconder as partes móveis e potencialmente sujas da mota, de proteger o condutor parcialmente dos elementos, tudo era mais requintado, tudo nas scooters parecia mais civilizado. E as scooters eram todas motociclos (e ciclomotores) de baixa cilindrada, justamente os únicos que me interessavam. Eu queria simplificar a minha vida, não complica-la. As motos de grande cilindrada consomem tanto como os automóveis e têm uma manutenção igualmente dispendiosa, sem serem nunca mais práticas.

Desde esses começos no final do verão de 2006, deixei de usar e depois vendi o carro. Agora moro em Lisboa, onde a Scoopy repousa sozinha na garagem do prédio. Uso a scooter todos os dias. Com perto de 10.000 km de experiência, já me sinto menos maçarico e já conduzi em todo o tipo de estradas, desde Autoestradas a estradas regionais de montanha. E não me arrependo nem um bocadinho das minhas escolhas.

Friday, 11 January 2008

Scooter..? Porquê? (Parte 1)


Muitas vezes me perguntam as razões desta opção. Não há uma só resposta linear, por isso vou ter que recuar no tempo e fazer um pouco de história...

Há uns anos, eu era um trabalhador aprisionado num escritório algures no centro de Lisboa. A vontade de sair cedo da cama para ir trabalhar não era muita. Havia meses em que comprava o passe (e precisava apanhar um só autocarro para chegar ao trabalho) mas mesmo assim acabava sempre por sair tarde e "ter" que ir de carro para Lisboa. Além do tempo que o percurso me demorava (neste caso era igual ao dos transportes públicos), não havia normalmente lugar onde estacionar o meu Ford. Então eu improvisava, como muitos dos meus colegas, e deixava o carro estacionado na curva, "ligeiramente" em cima da passadeira, ou então tinha sorte e deixava num lugar de parquímetro. Que não pagava. Ou pagava pelo período de tempo máximo permitido, que terminava sempre antes da minha primeira oportunidade de o ir lá reabastecer.

Durante uns tempos, a empresa encarregue dos parquímetros na capital EMEL revelou-se incapaz de processar todas as infracções em tempo útil. Isso equivalia a uma impunidade quase total e recordo um final de ano em que deitei fora mais de 50 multas, que nunca paguei nem me foram cobradas.

Mesmo assim, as multas da policia, essas, revelaram-se pesadas, e algumas vezes o meu carro foi mesmo rebocado. Com o passar do tempo, também a EMEL melhorou a eficácia e mesmo algumas medidas solidárias estabelecidas lá no escritório (um pré-aviso, por telefone, com a colaboração de quem estava à janela, lançava uma pequena multidão de colaboradores pelas escadas abaixo, de moedas em punho) revelaram-se insuficientes para evitar um avalanche de despesas e muito, muito stress.

O problema foi-se agravando, e muitos colegas começaram a levar os transportes públicos a sério. Eu não. Resistia, achava que havia sempre uma maneira de continuar a trazer o carro para Lisboa. Na verdade era cada vez mais complicado arranjar um lugar, por mais ilegítimo e ilegal que fosse. A EMEL começou entretanto a bloquear os carros e depois a reboca-los. Isto trazia-me uma enormidade de problemas e despesas, mas eu não desistia do que achava ser o meu direito! Cada vez mais atrasado, stressado e pobre, resistia. Cheguei a cruzar-me com o meu carro à hora de almoço, eu a caminho do restaurante e ele, em cima de um reboque, a caminho do parque da EMEL. Perdi a conta a este tipo de situações e cada uma custava-me pelo menos 90 Euros.

A determinada altura deixei esse emprego e com ele também se foi o hábito de levar o carro para todo o lado. Comecei a ponderar meios mais saudáveis de me deslocar e optava por andar a pé sempre que possível, de transportes públicos e até de bicicleta. Está última opção era a minha preferida, pois o meu desporto preferido da altura era o BTT. Mas as bicicletas tinham vários inconvenientes práticos, num país como o nosso, e depressa comecei a reparar nas motas...