Thursday 8 October 2009

Paranóia


Vou a caminho de casa e tenho uma sensação desagradável ao curvar. Parece que a traseira é flexível, maleável, parece que se arrasta de um lado para o outro. Ooops. Sei o que é, afinal já me aconteceu antes, tanto de scooter como de bicicleta: um furo! Bom, quais são as probabilidades de já ter um furo em menos de 900 km percorridos? Enfim...

Encosto e vou verificar o pneu traseiro. Não parece vazio, mas isto aos apalpões não é grande ciência. Estou perto de casa e arrisco fazer o resto do caminho, muito devagar e sem inclinar quase nada nas curvas. Chego nervoso mas inteiro, e uma vez na garagem meço finalmente a pressão. Está correcta! A do pneu da frente também. Que diabo?! Fico a olhar para a Indiana, absolutamente pasmado. Sem ideias, tranco a direcção e vou para dentro de casa. Sempre a pensar naquilo. Passa o jantar, passa o Gato Fedorento, passa a série do dia no canal 2. E eu ainda a pensar naquela situação.

Lá para a meia-noite não aguento mais. Desço à garagem, com toda a barulheira que isso implica para os vizinhos, com fechaduras a rodar, portas de metal a abrir e a fechar. Luzes acesas e estou de novo a olhar para a Indiana. Sem saber muito bem como, de repente estou a tombar a scooter no chão e tentar sacar a roda de trás fora. Lembrei-me de fechar a gasolina, retirar os ballons e fazer uma cama confortável para a Indiana, mas não me lembrei de aliviar primeiro as porcas. Com a roda livre é impossível desapertar-las. Toca a levantar a scooter de novo, soltar um pouco as porcas, voltar a deita-la. Agora já dá. Tenho a certeza que algo de muito estranho se passa, a roda tem de estar ela própria meio solta, mal apertada, permitindo movimento lateral no eixo. Uma ideia pouco agradável, mas a única possível! Saco a roda fora e verifico se existe algum movimento anormal do eixo, se há folgas...

Nada!

#/$&%*@! Mas então..? Fico ali todo sujo, transpirado, a olhar para o chão cheio de ferramentas espalhadas, a scooter deitada no meio da garagem (uma garagem partilhada, tinha tido a sua piada um vizinho querer entrar com o carro naquela altura.) Parece a cena de um acidente e de certa forma acho que é.

O meu cérebro cansado já vislumbra outras hipóteses igualmente nefastas. Pneu ovalizado; jante empenada; suspensão assassinada; sinoblocos nas couves; chassis torto... Bom, vamos lá ter calma, a scooter é nova! Acabo por trocar a roda de trás pela suplente e ir dormir. A scooter não sofreu nenhum dano na operação e fiquei satisfeito de saber que as ferramentas de série permitem realizar pelo menos este trabalho.

Manhã seguinte na marginal a caminho da empresa: tudo exactamente na mesma. Hoje, já me senti perfeitamente à vontade com a Indiana. Entretanto, estou a estudar os vossos conselhos (trocar de pneus, colocar jantes de alumínio...). Acho que vou procurar também um bom psicólogo.

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