A guitarra do Fred, urgente ou delicodoce quando necessário, com personalidade... o baixo vincado e eficaz da Filipa...a bateria minimal e a voz perfeita da Ingrid... e um som low fi, prepositadamente amador...e no meio das referências a originalidade. Pop. Indie. Twee...que anda em extinção por cá. Uma pérola escondida que descobri e fiquei fã. O Vespa Gang orgulha-se de apresentar; Safety Matches!Fred, explica-nos o que é o subgénero de indiepop designado por twee. Esta coisa das etiquetas dos géneros e subgéneros é sempre um bocado arriscada e ambígua! hehehe... Penso que o twee terá surgido mais fortemente a meio dos anos 80, em Inglaterra na ressaca do C86 com bandas como Shop Assistants, Razorcuts, Talulah Gosh ou the Pastels que misturavam a atitude D.I.Y. e a velocidade do punk com elementos garage, soul e bubblegum dos anos 60. Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos, bandas como Beat Happening, Cub ou Tatle Tale e editoras como a K Records apostavam na mesma fórmula. O resultado foi uma música muito simples e crua, por um lado, e muito harmónica, principalmente nos vocais, por outro, acompanhada por letras geralmente bastante inocentes e por vezes mesmo infantis e uma estética muito "cute".
Existem então na raíz influências dos anos sessenta, tipo The Byrds, Velvet Underground, girl groups... Completamente! As guitarras são geralmente "jangly" como as dos Byrds, as harmonias vocais vão beber às girl groups e aos grupos da Motown como as Shirelles ou as Shangri-Las e o som é muito Phil Spector com uma batida minimal que faz lembrar muitas vezes a Maureen Tucker e os Velvet.
O que é interessante é isso ser aliado à filosofia "do it yourself" do punk...Sim, isto tudo acompanhado por fanzines, clubes, concertos, festivais e pequenas editoras totalmente D.I.Y. como a Sarah Records, K Records, Subway Records e muitas outras.
Escolhe uma banda dos primórdios, dos anos oitenta, que tu indicarias como iniciação a quem quiser conhecer melhor a cena twee. E porquê? Hummmm... não vou escolher uma, mas duas: Talulah Gosh e Beat Happening. Porque embora dentro do mesmo género, tendo a mesma atitude e influências, penso que soam bastante diferentes e isso é uma coisa muito positiva... e é por isso que eu acho que as etiquetas dos géneros são perigosas... hahahah.
Parece que vocês são a única banda do género em Portugal... Infelizmente, neste momento, parece que sim. Pelo menos que eu saiba. O que não nos ajuda muito. Nunca temos nenhuma banda do mesmo género com quem tocar. As pessoas também parecem não perceber muito bem o que estamos para ali a tocar. Acho que faz falta uma "cena" para podermos puxar uns pelos outros. Mas talvez as coisas estejam a melhorar...
Esta é a vossa primeira entrevista para Portugal? Para Portugal, sim, e agradecemos muito ao Vespa Gang Mod Club. Há cerca de duas semanas demos uma entrevista a uma webzine estrangeira, a “Sleepwalking Magazine”
aqui. Como é que surgiu a banda? Quando conheci a Ingrid, já há uns bons 12 ou 13 anos, mostrei-lhe umas músicas que tinha escrito e gravado. Ela adorou e propôs-me logo formarmos uma banda. Como a voz da Ingrid é totalmente twee ajudou ainda mais a irmos por esse caminho mas logo à partida queriamos um projecto muito D.I.Y. e por isso passámos anos fechados no quarto a gravar dezenas de músicas até a Filipa entrar para podermos tocar ao vivo.
Pensam editar algo em breve?Nós temos um single editado pela americana Cloudberry Records
aqui., talvez a maior editora twee neste momento, a par com a regressada Slumberland. A edição está esgotada e tem-nos dado alguma projecção lá fora. Estamos a começar a gravar melhor algumas músicas para um EP que ainda não sabemos se vai ser editado nós ou se por alguma editora lá fora.
Nas festas mensais do Gang já passou Talulah Gosh, Shop Assistants, Los Fresones Rebeldes...Existe mais algum local onde isso passe cá em Portugal?Eu não tenho saído muito ultimamente mas não conheço nenhum sítio actualmente que passe esse tipo de bandas. Fico muito contente e espero poder ir às proximas!
Para os curiosos podem visitar o myspace deles
aqui.Leonel de Jesus (O Rapaz do Chapéu)
