Sábado era o dia. A Marta ia levar-me de carro até à
Ribamoto, em Almerim, onde ia buscar a minha nova aquisição, uma Honda CN 250. A Scooter, de 1997, mas desenhada no longínquo ano de 1985, já estava paga e pronta para a entrega. Esta era a terceira viagem que fazia a Almeirim por causa desta scooter, mas valia bem a pena.
A CN250 é também conhecida no resto do mundo como Spazio (Itália), Fusion (Japão) ou Helix, nos Estados Unidos, onde aliás ainda se vendia o ano passado, duas décadas depois do lançamento. O seu desenho ultra baixo, as dimensões generosas, a posição de condução, inauguraram uma nova categoria de veículo, a Maxi-Scooter. Não sendo a primeira scooter avantajada, (vejam a
Heinkel Tourist, por exemplo) a verdade é que a CN250 é a mãe do moderno conceito de Maxi-Scooter, sendo sucedida por inúmeros modelos da Honda e da concorrência, onde se destacam actualmente a Yamaha Majesty, a Suzuki Burgman e a Honda Silver Wing.
Este modelos entretanto, cresceram em cilindrada e peso, uma Silver Wing 400 pesa 240 kg, e eles sentem-se, como já tive oportunidade de experimentar. Um CN250 pesa pouco mais de 160 kg em ordem de marcha, e é bem mais fácil de manobrar. Na distância entre eixos, a CN250 ainda é recordista, sendo que os seus mais de um metro e sessenta a separar as duas rodas não foram ainda ultrapassados por nenhuma scooter.
Este modelo é portando uma boa opção para viagens longas, tendo também uma estética muito característica, com um nariz de pato, um perfil muito (mesmo muito!) baixo e a traseira gorda, quase a fazer lembrar uma... vespa?
Aproveitámos a estadia em Almeirim para um excelente almoço e uma visita a um amigo em Santarém. Uma série de peripécias que só sucedem a quem se faz à estrada impediram o regresso antes do pôr do Sol, manifestamente contra a minha vontade. Tudo que eu NÃO queria era regressar pela estrada nacional (a N10) já na escuridão, aos comandos de uma scooter desconhecida (ou quase), mas acabou por ser assim, felizmente sem qualquer incidente a registar.
Hoje fiz umas alterações à scooter, removi por razões estéticas o baú e recoloquei o encosto do passageiro. Dei-lhe também uma lavagem e limpeza geral . A scooter está a precisar de umas coisinhas, que espero ir resolvendo com o tempo. Mas ficam aqui as primeiras impressões a reter:
- A scooter é incrivelmente confortável. As descrições que a qualificavam de "sofá com rodas" confirmam-se inteiramente.
- É uma scooter muito mais estável em estrada, por causa do peso, mas também por culpa do centro de gravidade extremamente baixo. A posição de condução é muito diferente de uma scooter convencional. Como o assento é muito baixo, há que ir literalmente com os pés para a frente.
- Circular com ou sem pendura é muito semelhante, ao contrario do que sucede, por exemplo, com a Scoopy.
- Todas estas capacidades são conseguidas a troco de uma agilidade bastante reduzida, com um raio de viragem ridículo e uma distância entre eixos que não convida a ziguezaguear por entre os carros.
- Tem uma capacidade de carga interessante, mas não pode levar (de série) nenhum capacete, a menos que seja um jet pequeno, mas isso até a Scoopy leva. Há no entanto um engenhoso cadeado exterior para prender um ou dois capacetes.
- O motor é generoso sem exageros, o seu forte está em poder rolar perto da velocidade máxima mantendo as rotações relativamente baixas, logo evitando o desgaste.
- A travagem é só razoável, mas o travão de pé requer alguma habituação. Em dois dias já me sinto confortável com ele, embora preferisse uma manete.
Estou muito contente. A verdade é que nem os plásticos riscados e outras imperfeições que levarão alguns a qualificar a minha nova máquina de "chaço" (mega-chaço, se faz favor) me retiram o entusiasmo. Este modelo é um ícone dos anos oitenta, uma relíquia dos tempos da guerra fria e... da guerra das estrelas. Vá lá, olhem para ela e imaginem que não tem rodas... Não está mesmo pronta a levantar vôo nas mãos do Luke Skywalker?
* Fotos: João Serôdio & Miguel Bessa