Friday, 25 August 2006
O gang vai para fora...
Já temos umas quantas novidades para a próxima temporada mas como o Verão ainda não acabou...
Recomendamos para estes dias de sol (e muito vento tb) alguma musica (e como não vinhamos a renovar esta secção a já alguns meses...) aí vai:
De Londres chegam-nos o fantástico álbum de estreia de Lilly Allen. Still Right a ouvir e cantarolar urgentemente.
Porque não conseguimos encontrar o palco onde Jimmy Cliff actuava no passado sudoeste...não sabemos bem porquê!?...
Recuperamos esse clássico jamaicano, a banda sonora do filme "Harder They Come". Na secção "tuga": a coisa está a mesmo a escaldar!
Temos o kuduro progressivo dos Buraka Som Sistema, o pop para assobiar a caminho da praia dos The Poppers, e "a quarta a fundo" dos Da Punksportif. Três excelentes estreias. Todas elas diferentes, modernas e genuinas. Ainda para os nostalgicos recuperamos essa banda mod portuense, que fez furor no inicio dos 80, com hits como "Chiclete" ou "Cairo", eis os Taxi.
Quanto a viagens, o gang vai rolar para férias em Setembro. Algures entre Lisboa, Vigo, Santander e Tarifa. Vai para aqui uma grande discussão sobre o destino... Mas antes de irmos a mais uma aventura por estradas internacionais, temos concerto dos The Poppers no Maxime dia 2 Setembro. Jantar com a banda e convivio. Quem quiser ir, basta mandar um mail ao rapaz do chapeu, a dizer: "eu quero jantar com o vespa gang e os the poppers", enviar pedido para: leoneldejesus@gmail.com.
Thursday, 24 August 2006
Tunes na estrada
O gangue anda muito dado a passeios nesta altura do ano. O nosso companheiro Tunes tambem se fez à estrada neste mês. Qual ave migrante. Depois de alguns contratempos que a sua P200 tem passado. Coisa pouca. Várias sevicias que davam um bom filme hardcore 1º escalão. Parece que agora "a coisa" já desliza pelas estradas de Portugal. Viajando sempre a custa dos senhores do 2ºE, este pobre rapaz, bom estudante e amigo dos amigos, parece que anda por ai a fazer umas curvas de uma maneira bem caracteristica... enfim coisas do Tunes! Para ler aqui, atenção que o rapaz até mete as médias de consumo, distancias percorridas...fotos pormenorizadas das jantes torcidas após uma curva acrobática feita sabe-se lá como...enfim, coisas do Tunes!.
Tuesday, 22 August 2006
Troféu Vespa 2006 Baltar
Pois é pessoal é já este fim de semana mais uma prova do Troféu Vespa 2006 mais precisamente em Baltar e para variar eu que não era para ir já vou começar aprontar as coisas para me fazer à estrada e zarpar para mais uma longa viagem para curtir mais uma louca prova de velocidade.
Vamos lá ver se este ano tenho mais sorte do que o ano passado pois para quem não sabe Baltar está nas pistas da minha lista negra devido ao facto de ter tido um pequeno acidente na 1ª volta da prova e não a pode concluir foi uma pista onde fiquei frustrado pois a pista em si é muito rápida com boas curvas e muito louca as provas de treinos correram super bem o azar foi mesmo a prova paciência este ano vai ser melhor ….
Vamos lá ver se este ano tenho mais sorte do que o ano passado pois para quem não sabe Baltar está nas pistas da minha lista negra devido ao facto de ter tido um pequeno acidente na 1ª volta da prova e não a pode concluir foi uma pista onde fiquei frustrado pois a pista em si é muito rápida com boas curvas e muito louca as provas de treinos correram super bem o azar foi mesmo a prova paciência este ano vai ser melhor ….
Monday, 14 August 2006
52 anos do Vespa Clube de Lisboa
Outro recado, desta vez do mais importante Vespa Clube nacional.
Claro que estamos a falar do Vespa Clube de Lisboa, que actualmente reune mais de 700 sócios.
"Amanhã dia 15 Agosto (terça-feira) realiza-se o 52º aniversário do Vespa Clube de Lisboa.
Todos os sócios estão convidados a participar no animado programa que preparámos especialmente para si.
O encontro terá início às 10 horas na sede do Vespa Clube de Lisboa, seguindo-se um Vespa-Paper pelas ruas da cidade de Lisboa, que inclui churrasco, no final, para retemperar forças.
Junte-se a nós e venha celebrar mais um aniversário do nosso Clube, o clube de duas rodas mais antigo de Portugal!"
Segundo o Vespa Gang apurou junto da direcção do V.C.L: este encontro inclui, um animado vespa-paper que precorrerá as ruas da capital, com paragem para almoço, haverá igualmente passeios de electrico pela cidade, test-drive com as novissimas irmãs Vespa: LX 150 e 200, prémios apetitosos e o convivio vespista habitual.
Passeios de Verao
Recebemos aqui no quartel-general do gangue, o seguinte email do camarada Nuno Carnide:
"Vai-se realizar um passeio vespista na Praia da Vieira, distrito de
leiria, concelho da Marinha Grande, fica na zona costeira entre a
Nazaré e a Figueira da Foz. O passeio ira ser realizado no dia 26
Agosto, com inicio as 14h e fecho as 23h, trata-se mais de um convivio
de amantes de vespas organizado por mim e por um bar local. AS
actividades serao realizadas no bar em causa desde o lanche, jantar e
algumas brincadeiras, com um curto passeio turistico pela zona.
Talvez os mais interesados serão os vespistas da zona mas quem estiver
em passagem por cá, o quem queira deslocar-se para um pequeno convivio
é sempre bem vindo. Se estiverem interesados o meu contacto é
966585253.
cumprimentos a todos, e boas ferias.
Nuno Carnide"
Se alguem estiver a passar férias junto das Praias da Nazaré, São Pedro Muel, Pedrogão e arredores pode ir ter com esta rapaziada porreira.
Thursday, 10 August 2006
Classificação Troféu Vespa 2006
Aqui vai a classificação do Troféu Vespa 2006 após as duas provas realizadas
Férias .... Férias
Boas a todos os CyberVespistas deste universo WWW desde já quero pedir desculpas por não ter vindo actualizar o Blog pois com este calor infernal não há muita vontade de estar atrás de um PC. Mas sempre que houver alguma novidade irei cá vir informar.
Tuesday, 8 August 2006
Cronica de Verao: as Aventuras alentejanas.
Duas picadas e almoço alentejanos.
Isto de andar de Vespa no Verão tem destas coisas. Se no Inverno nos queixamos da chuva e do piso molhado. Nos dias quentes, quando o sol está bem alto e as temperaturas aumentam, sabem bem “rolar” por aí, sem pensar em mais nada. Apenas naquelas coisas habituais de quem anda com uma Vespa. E se a gasolina acaba? E se o motor agarra?
Isto sem contar, com os automobilistas distraídos, que não param nos “stops” ou então que se mandam para cima de ti em plena ultrapassagem. Enfim as coisas normais que acontecem nas nossas estradas.
Neste último fim-de-semana resolvi dar um pulo ao Festival SW, os motivos: ver in loco os Madness, Daft Punk…e também para dar um mergulho nas belas praias da Zambujeira do Mar e arredores. Porque as melhores praias daquela zona ficam nas redondezas da simpatico vila ZM. Descubram-nas urgententemente. A praia do Melro, da Amalia e por ali fora…locais que nos conseguem devolver a vida. Bem haja aos alentejanos que ainda não deixaram destruir aqueles santuários de beleza natural.
Mas a minha aventura não se fica por aqui. Logo a saida de Lisboa, ali em Coina. Agora podia citar a famosa canção do “rapaziada, vamos a coina!”. Mas não vale a pena. Tive um choque frontal com uma abelha!. Resultado: 2 picadas na bochecha e na testa respectivamente. Pela terceira vez neste ano! Em 15 anos a andar de Vespa, nunca levei com tanta mosquitagem. Será das altas velocidades da minha Sprint? Desde que o Manel das Vespas pôs a mãos naquilo, um escape novo e a sprintinha tem andado nas horas.
Agora raramente chego atrasado. Bem, tem dias.
Para melhor visualização desta aventura. Imaginem a minha Vespa com os seus imponentes 80 quilos. Carregada com tenda, duas mochilas, sacos-camas para mim e a minha Maria. Lá fomos em direcção ao Sul.
Chegados a Setubal e ao ferry que liga esta cidade a Tróia. Sabe tão bem passar à frente dos “enlatados” carregados de pessoas cheias de calor e com sede de praia. Afinal estamos no Verão e hã gente que está de ferias imagine-se em pleno mês de Agosto? Que coisa original marcar ferias para Agosto?.
Já em Tróia, foi sempre a deslizar pela costa. Curiosamente, a pior parte de estrada que apanhamos está entre o Carvalhal e a ligação ao IC3 que vai até Sines. Uma estrada bem verdejante no meio do pinhal e zona protegida, mas que devido as raizes das arvores está num estado, digamos que , “saltitante”. Mas faz-se bem. Devido as obras em Tróia, apanhamos com uma camioneta que transportava areia e por momentos ficamos debaixo de uma nuvem de areia. Foi um bom teste, para nos habituarmos a poeira da Zambujeira e recinto do festival. Tão bom!.
Chegada a São Torpes e paragem para almoço, no “Trinca espinhas” onde saímos após umas boas e longas 2 horas e meia…onde deglutimos somente: as entradas! Imagine-se uma refeição completa. Ficariamos ali a tarde toda!?.
Um record alentejano, para nos habituarmos ao ritmo e costumes locais. E lá seguimos.
Já com a Sprint a pedir reserva. metemos gasolina algures numa localidade entre Porto Covo e o Cabo Sardão. Ainda não foi desta que a Maria viu o Cabo Sardão.
Num pulinho, ja estávamos na Zambujeira do Mar e uma entrada apoteotica na vila, com o zumbido da sprint a fazer virar cabeças na nossa direcção.
Logo na praia junto ao bar, a Rally 200 do David, dava-nos a boas vindas! O David surgiu uns minutos depois vindo da praia. Umas cervejas e combinaço para a noite festivaleira.
São Teotónio está uma vila mais bonita e ficamos a conhecer a loja mais gira da zona, que vende roupa , discos e ainda tem serviço de net. A Azimute fica na Praça da República, ali mesmo no centro de São Teotónio, uma vila alentejana a conhecer e curtir os fins-de-tarde ao som das andorinhas, naquelas ruas de uma brancura comovente.
Seguimos para o recinto do Festival e logo o encontro imediato com o Manel das Vespas, que já lá andava a uns dias a curtir como se não houvesse amanhã. A vespa vermelha tinha agora ganhado uma “patine” cor de areia a fugir para o amarelado. Um toque local. E as boas-vindas vespistas com aquele sorriso do Manel e estavamos em casa!
Uma noite cheia de gente ou Las Vegas do Alentejo.
Já dentro do recinto do festival, Marcelo D2 já queimava o palco, num espectáculo muito oportuno e bem balanceado com o seu samba-hip hop e passagem pelo baile funk. Óptimo inicio de noite, depois Skin e o seu som irritante. Lá fomos petiscar as delicias gourmet habituais nos festivais. A fila do McDonalds era longa e bastante concorrida, Prevejo daqui a uns anos jovens festivaleiros obesos, qual povão americano. Para ajudar, bem ao lado desta “cadeia alimentar” estava a Telepizza a vender massa grossa e carregada de gordura altamente benefica para a saude. Tenho pena que não haja comida portuguesa. Uns pratinhos de bacalhau, umas saladinhas de polvo!? Era pedir muito!? Apenas haburguers e cachorros!? Mau…que diga a Maria!! Que lá se safou com uma pizza de queijo e após umas horas já se queixava de fome novamente. Cerveja a 1.50 euros, hamburguers a 3.50/4.00 euros não são preços que se apresentem a um público maioritariamente jovem e estudante!?.
Hey you!! The sound of rocksteady beat...Tha Daft Madness!!
Reunimos, o gangue possivel, junto a tenda da Red Bull e bem próximo do palco vimos os Madness. Logo no inicio, Suggs não se ouvia. A fabulosa intro de “One Step Beyond” apenas se ouviu metade, som pasteloso e baixo. Como este tema, a multidão que tinha fugido da Skinkunansie , voltou para junto do palco principal. Na tenda Oxigenio, os Loto mostravam os temas novos e os seus clássicos e a coisa estava animada. Os Madness arrancaram bem, com a sua versão do “You Keep Me Hanging On” que está incluida no mais recente disco dos Madness “Dangerous”. A coisa parecia ir encaminhada, mas o som fraquinho e dois temas pop da fase 80´s mataram o espectaculo. Apenas conseguindo dar um segundo arranque com o tema “Our House” e no grand-finale com o fabuloso ska de “Night Boat To Cairo”. O David, o Manel e eu suamos as estopinhas, numa noite quente e coreografia ska cuidada. De seguida vieram os Daft Punk e o recinto virou um enorme raveodromo. Os muitos espanhois presentes estavam doidos. Um show de luz e cor. Mais pareciamos estar sob a avenida dos casinos em Las Vegas!...Durante a actuação dos franceses, deve ter havido um consumo brutal de electricidade! Mas consta que as aldeias vizinhas não ficaram as escuras. Com aquele, nunca antes visto, show de luzes que os Daft Punk nos brindaram apostei com o David que se não houvesse barragem de Alqueva, não haveria aquela actuação no Festival Sudoeste. Uma corrente electrica, nunca antes vista, num palco nacional! Fantastico! Quem precisa de fogo de artificio?. Os Daft Punk lançaram foguetes e não nos deixaram apanhar as canas!? E la fizeram um mash up com os seus hits mais conhecidos e aplaudidos. One More Time, Around The World, Technologic, Teachers, Da Funk, Rock’n’roll tudo fundido e remisturado de propósito para esta apresentação em palco. Não utilizei a palavra “ao vivo”, notaram?
Depois disso a festa continuo na tenda, onde os Dezperados, lançavam granadas de mão. Ninguem cabia lá dentro e cá fora dançavam outros mil. Depois fomos fechar o obrigatório Esperma. Bar mitico da Zambujeira, onde encontramos a dupla Zê Dub Loop e o Zê Salvador a lançarem pérolas ritmicas insuspeitas. Rapazes com bom gosto musical. Mas Segundo o Zê Salvador, os Daft Punk ganharam!. Lol
Pós-Las Vegas. Bom dia Beirute!
De seguida arrastei-me até ao Clube da Praia, já com o dia a nascer, som house manhoso mal misturado, mas ninguem se importava muito. Começou a encher e durou até… regime fora-de-horas e ponto de encontro dos morcegos noctivagos com oculos de sol.
Algures num pinhal junto a praia (não digo o nome), lá acampamos. Dormidas umas horas, a Maria tinha de apanhar o autocarro para o Algarve. No centro da vila da Zambujeira. Não havia tabaco, nem sombra, nem bilhetes para autocarros. Lá fomos nós, pelo meio dos montes alentejanos até a Funcheira, a unica estação de comboios e a que fica mais proxima da vila. Num tipico alentejano:”é já ali!!” Percorremos mais de 50 quilometros sob o escaldantes sol das 15 horas. A queimar, até ao coração.
Regresso a casa. Mas porque não fico já aqui?
De regresso, já sozinho, a Sprintinha voava e voava…embora com saudades da Maria.
Já com o depósito na reserva a entrada para Sines, la entrei na terra do Festival Músicas de Mundo. Deve ter sido a segunda vez que entrei em Sines. Aquele final de tarde solarengo, onde o pôr-do-sol laranja já se fazia notar, Sines mais me parecia uma cidade costeira marroquina. De repente imaginei-me a chegar a Essaouria. Na bomba, o senhor mal encarado, lá me disse para fazer pré-pagamento. Disse-lhe que queria atestar, com 6 euros! Um balúrdio de gasolina! No seu acento alentejano, lá me explicou que tinha sido “roubado” em 15 euros de gasolina por um jovem motard a umas horas atrás. Compreendi. Por uns pagam os outros. E o senhor da bomba, que deve fazer mais de 8 horas diárias de serviço, lá teve que pagar os 15 euricos directamente do seu parco ordenado mensal. O dono da bomba, que deve estar na sua rica vivenda no Algarve de ferias mais a sua familia não ficou mais pobre.
Mais estrada pela frente. De novo, percorro a tal IC arejada, que liga Sines a autoestrada para Lisboa e para o mundo. Ultrapasso um autocarro…E digo para os meus botões: que grande Sprint! Que belo passeio.
Sozinho na estrada, apenas tu (a sprint) e eu. Passo o Carvalhal, Comporta e de repente um Volvo branco com caras conhecidas! Era o rapaz do cabelo a playmobil. O Maia, o Tiago, Yuri, Pêpê e Maria João que se ficaram pelas praias da Comporta nestes dias.
Aceitei o convite e fiquei com eles, nessa noite. Conversa animada, uma incursão pelos bares locais, muito mesquito dos arrozais e descanso do vespista. No dia seguinte, praia e biquinis. Leitura atenta do 24 Horas. Um must de fofocas, parece que as top models da Turquia torceram o nariz ás roupas do Miguel Viera. Segundo o artigo, uma oportunidade da internacionalização da moda portuguesa. Penso eu:…na Turquia!? O Herman tem contrato na SIC até Dezembro e depois desse mês não sabe o que vai fazer. Ele ao menos ainda tem um pé de meia generoso, negócios de restauração e o resto do pessoal que trabalha com ele? O que vai fazer? É o salve-se quem puder…
O Maia acordou com a ideia de…Sapateira. E que bela ideia! Duas sapateiras bem fresquinhas, preparadas por ele mesmo. E não é que o rapaz do cabelo a playmobil domina a arte da mariscada!?. Grande petisco na Comporta e em excelente companhia, mais conversa e muito riso. De regresso estrada, só faltava alcançar o ferry que liga Tróia a Setúbal. Uma viagem de ferry com o pôr-do-sol fantastico, numa serra da Arrabida recortada. Que pena aquela cimenteira ali. Olha o convento de Setubal ali em cima iluminado. O Sado corria doce, sem ondas, calmo e sereno. Chegada a Setubal, noite posta cheiro a choco frito na Av. Luisa Todi. Movimento. Regresso a casa, a ponte 25 de Abril. Lisboa daqui de cima parece mil vezes mais bonita. E sempre pronta para nos receber de volta ao seu aconchego.
Noite tipica de Agosto, quente. cidade vazia e com pouco transito. Deve estar tudo nos Algarves. Ainda vou ali a Conchanata comer um gelado daqueles…
E fui. Sinto-me em casa novamente. JX
The Cramps – Uma estória de amor dos tempos modernos
Os The Cramps são uma das melhores bandas do mundo. Ponto assente.
Os The Cramps são uma das minhas bandas favoritas. Ponto assente.
Os The Cramps vão ao festival de Paredes de Coura e eu não vou. Ponto assente.
Porquê? Ninguém tem nada a ver com isso. Ponto assente.
Psychobilly? Rockabilly? Rock´n´roll! A ala mais liberal da malta que curte os anos cinquentas gosta deles mas a ala dura, tradicional e parada no tempo, nem por isso, e porquê? Porque os The Cramps são originais e nunca foram puristas, além da aura dos pioneiros do rock’n’roll e dos primórdios do rockabilly eles são influenciados por cromos como o Link Wray ou Hasil Adkins, também pela década de sessenta através da surf music e muito pelas bandas de rock alucinado de garagem, e claro, pelo punk. Voltando às poupas brilhantinas, vejamos; o visual da banda nunca foi exactamente igual ou mesmo muito parecido, é assim mais para o trash americano, freaks do rock’n’roll, a formação com um casal e por vezes outras mulheres a tocar também não é habitual no género, o rockabilly deles é mais no estilo “twelve bar blues”, portanto mais bluesy, mais negro, o facto do vocalista travestizar-se em alguns álbuns na década de noventa também não cai bem, e danças coreografadas dificulta a curtir o som deles. Contrabaixo é mentira e mesmo o baixo só aparece uns álbuns mais tarde. Isto além de terem usado pioneiramente em cartazes de concertos o termo “psychobilly” mas não gostarem de ser associados a ele pois tornou-se depois um género musical, e do qual os ingleses The Meteors consideram-se os deuses (“only Meteors are psychobilly”, dizem eles e os fãs, e eu digo, ok, levem lá a bicicleta). O próprio psychobilly, que significa rockabilly psicótico, não é totalmente apreciado pelos puristas da poupa brilhantina pois tem origem na mistura do rockabilly com o punk na década de oitenta na Inglaterra, apesar da já falada origem Crampeana. Mas Meteors existem por aí, Cramps é que é mais difícil.
A compra por volta de 1987 do álbum “A Date With Elvis” é um dos acontecimentos da minha vida. Naquelas agridoces tardes adolescentes na sala do som lá de casa, eu e o meu grande amigo de punkalhada Paulinho injectávamos The Cramps nas veias. Primeiro limpávamos o acetato, depois cuidadosamente a agulha, e por fim, lentamente, a agulha penetrava o vinil. A pedra era quase instantânea, um som pairava no ar para depois de repente explodir. Estávamos agarrados, viciados. Era um encontro com o Elvis diziam eles, mas comprei foi um Elvis marado, adulterado. Bendito dealer. E na Juke Box do Bairro Alto era praticar a dança esquizofrénica geralmente ao som da “You got good taste” entre Bauhaus ou Ramones.
Os The Cramps são uma estória de amor. Lux Interior e Poison Ivy. Parece que se conheceram na Califórnia em 1972 quando iam frequentar um curso em comum, mas também se diz que o futuro vocalista Lux Interior quando viajava encontrou Poison Ivy, futura guitarrista, a pedir boleia na estrada. Love story on the road. Qual a verdade? A primeira é oficial mas fico com a lenda, é mais rock’n’roll. Além da música de que já falei no início do texto eles partilhavam gostos em comum que colocaram na génese da futura banda; Filmes de série B e do Russ Meyer, banda desenhada de terror, humor negro, sexo, muito, com ou sem fetiche (neste caso o Bondage tem preferência), drogas, excêntricos diversos. Resumindo, toda uma (anti)cultura trash americana.
Em 1975 já estavam em Nova Iorque e em breve a tocar no CBGB ao lado de outras bandas que fizeram o som alternativo desse tempo como os Ramones, Blondie, Suicide, entre outros. Entretanto voltariam à California mais tarde e o primeiro álbum, um EP, só sai em 1979. A partir daí e até hoje são catorze álbuns, todos excelentes, todos possuídos de um som directo, bruto, por vezes minimal, provocando uma catarse primitiva não fosse rock’n’roll. À volta do casal Lux e Ivy colaboraram sempre excelentes parceiros, destaque-se ao longo do tempo os guitarristas Bryan Gregory e Kid Congo Powers, o baterista Nick Knox, ou a baixista Candy Del Mar, que estreou oficialmente o lugar de baixista pois até aí eram apenas duas guitarras e bateria.
A música “Bikini Girls With Machine Guns” em conjunto com o clip onde se vê Ivy em bikini e com uma metralhadora a disparar a torto e a direito é sugestivo, então agora no verão, e neste ano em que além da Vespa fazer sessenta anos também os faz outro grande objecto de design (desejo), o bikini.
I´m cramped.
Texto: O Rapaz do chapéu.
leoneldejesus@gmail.com
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