Thursday, 13 May 2010

The LML experience


Dia 238, km 4085. Estou a caminho de um cafezinho com a minha irmã, na hora de almoço. O tempo é curto e sigo a um ritmo vivo, na zona de Porto Salvo. Numa sequência de curvas encadeadas sou obrigado a meter uma 3ª e sinto imediatamente uma sensação estranha na manete da embraiagem: está solta. Não sou tão maçarico que não perceba imediatamente o que se passa: o cabo partiu. Abrando, sem saber muito bem o que fazer, mas a pressa manda mais que a cautela e resolvo tentar chegar na mesma.

Faço boa parte do caminho sempre sem parar, nem abrandar muito. Passo por Leceia e começo a acreditar que vou pelo menos conseguir chegar ao destino. Mas depois recordo que há uma subida monstra no percurso, uma inclinação onde por vezes a 2ª chega a parecer insuficiente. Na rotunda antes, tomo outro rumo, pela estrada que leva à Fabrica da Pólvora. Pelo caminho vejo vários sinais de sentido proibido. Ignoro o primeiro mas já não consigo ignorar o segundo. Tento abrandar e meter a segunda. A Indiana engasga-se e o motor morre. Estou a cerca de 1 km do destino.

Fico ali parado a tentar conter uma fúria crescente. Poucos dias antes tinha estado na Old Scooter para resolver o problema dos piscas, porque já não funcionava nenhum. Além de um mau contacto no ballon, um dos cabos que liga ao interruptor teve de ser soldado de novo. Quando cheguei a casa fui confirmar o que estava tudo OK e descobri que não tinha Stops. Pensei que fosse da lâmpada, mas afinal era mais um mau contacto, que desapareceu tão misteriosamente como surgiu, mas só depois de eu ter desmontado meia scooter.


Decidido a demonstrar que não era a Indiana e o seu humor instável que comandavam a minha existência, deixei-a abandonada na beira da estrada e fui o resto do caminho a pé. Cedo descobri que fiz bem em obedecer aos sinais, pois em frente à Fábrica da Pólvora estava a PSP, a mandar parar os pópós mal comportados. É sempre compensador cumprir a lei.

Quando regresso para junto da LML, tenho algumas dúvidas sobre como proceder. Posso chamar a assistência em viagem, mandar a Indiana para a Old Scooter e voltar de lá a rodar. Isso gastaria o meu direito a reboque e a oficina fica do outro lado da cidade. Posso também tentar rodar em 2ª, a baixa velocidade, até uma oficina de motos que exista ali perto. Mas uma difícil pesquisa na Internet não revela nenhuma e, impaciente como sempre, resolvo tentar levar a lesionada Indiana até casa, onde resolverei o que fazer.

15 quilómetros, 1 semáforo, 10 rotundas e 19 cruzamentos mais tarde, rodando em segunda velocidade, sempre sem parar, entro na minha rua. Em casa, apresso-me a pesquisar informação sobre troca de cabo de embraiagem e munido desses dados, vou, de carro, comprar um cabo, não de embraiagem, pois ali perto não conheço oficinas, mas de travão de... bicicleta.

Pensei em fazer um bonito "How to" profusamente ilustrado, da troca do cabo da embraiagem, mas no fim estava tão frustrado com as dificuldades, só resolvidas recorrendo ao manancial de conhecimento que é o ScooterPT, e a informação já existente na Net é tão completa, que não estive para isso. Se por acaso também precisarem, eu usei dados daqui e daqui.

Resumindo, o cabo está trocado e a scooter está a funcionar, por um custo de 2 Eur. Mas o pior foi o tempo que perdi e o stress associado. Fico um bocado melindrado com todos estes contratempos ocorridos ainda antes dos 5.000km. Na Old Scooter sempre me resolveram todos os problemas, sem reservas, e só posso dizer maravilhas do trabalho deles. Mas a Old Scooter fica a 30 km daqui... O facto é quando me meti nisto, sabia que ia ter que sujar as mãos, só não imaginava quanto.

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