Friday, 15 May 2009

Auto-Combustão aka Guimarães-Lisboa de T5





Outubro 2008
Sabem o que é um colchão de folhelho? Pois, eu agora também sei e não é propriamente o mais indicado para a véspera de um magnífico passeio pelas nossas maravilhosas estradas, brilhantemente organizado pelo Vespa Clube de Guimarães, que nos levou até à sede do mais antigo Vespa Clube de Portugal. Nota-se que não foi debalde que Portugal escolheu esta localidade e estas gentes para ver a luz do dia. Dia esse que começou bem cedo e após uns bons cinco minutos de sono para os privilegiados, como eu, que não entendi ainda muito bem por que voltas, terei sido o único a ter um quarto individual. Obrigado, mas eu continuo a achar que alguém se enganou. Acompanhado pelo Outeiro em GTS e pelo Carlos em Sprint, desta feita com a minha Heinkel substituída por uma Vespa T5, a única na comitiva, (mas acho que andava lá um motorzito destes disfarçado), respeitei assim um pedido da organização e lá arranquei cheio de remelas mas bem “pequeno-almoçado”, ostentando um enorme autocolante alusivo à Heinkel que não consegui resistir à tentação de levar na minha vespinha (desculpem, mas assim fiquei vingado). Felgueiras, Lixa, Amarante, Baião... e lá começou o percorrer de um bonito percurso embora com pouco tempo para o apreciar. Primeira surpresa na Régua que quando cheguei “já tinham todos ido embora!!!!” Talvez não tivessem gostado tanto como a tri-equipa que integrei, de passar pelo alto de Baião e pela Fundação Eça de Queirós, onde, vindo de Paris, este escreveu parte do conhecido romance: “A Cidade e as Serras”. Mas rapidamente foi de novo posta à disposição uma magnifica bôla de carne e um óptimo Porto que nos confortou o corpo e a alma até Lamego onde encontramos dois experimentados destas andanças e minhas companhias do Lés a Lés, o S800 e o Júlio Santos. Aí comecei a acreditar que não estaríamos assim tão atrasados e lá retomamos o passeio, despachadinhos mas com a calma que convém a uma prova de regularidade. Curiosamente ao chegar a Castro D’Aire soubemos que uma equipa estava já a almoçar... a duas horas de distância... “Regularmente” receando pelo nosso almoço lá fomos andando, acompanhados sempre pela Ambulância e a carrinha de Assistência, a primeira com a sua magnífica “corneta” a assustar toda a gente abrindo-nos assim caminho facilmente. Obrigado ao “menino” e á “menina” que lá seguiam pela simpatia e pela ajuda que viriam a prestar a um de nós que entusiasmado pelas curvinhas, acabou por ficar a conhecer o limite de aderência da sua máquina.
Com a barriga a dar horas, mesmo a chegar ao pé das sandes de leitão e ao colocar a T5 em ponto morto achei que era boa ideia ir mesmo a Fátima pois senti que só podia ser um factor sobrenatural que estava a manter o meu motor em funcionamento MESMO DEPOIS DE LHE TER TIRADO A CHAVE Com a maior calma do mundo, enquanto que eu aterrorizado com a chave na mão e olhos fixos no conta rotações que indicava 8600RPM eu paralisei, o Mauro deixou a sua montada com o seu companheiro das fitinhas nos calções, um espécime oriundo das latitudes de Coimbra, com aspecto duvidoso, mas que em grupo até disfarçava graças a alguns coletes com muitos bordados que afinal existem nestas lides, aproximou-se e com a tarimba de muitos anos e Km de Vespa disse: Sai daí antes que estragues mais. Então não vês que isso é Autocombustão Fechou a gasolina e após o motor parar voltou a liga-lo e voilá! O ralenti certinho de novo. Isto quem sabe, sabe. Vou-me fartar de armar em entendido quando isto acontecer com outro. Ainda acrescentou com um ar verdadeiramente doutorado: Agora vê lá se pões a vela adequada que isto não é uma Heineken... Chegados a Fátima já sem tempo para visitar o Santuário, mas contentes com o bom alojamento que nos esperava. Não sou tipo de agradecer mais de vinte vezes, mas abro aqui uma excepção para me congratular com a forma como fui sempre bem tratado por todos, mesmo aqueles que só virtualmente me conheciam. Novato como sou nestas andanças, notei a preocupação que todos e em particular os organizadores tiveram em assegurar que eu tinha o que precisava. Sensibilizou-me e agradou-me. Farei gosto em retribuir. Até que enfim conheci o Sr. João e confirmei a simpatia de que já desconfiava. Um dia ainda vai ter uma Scooter em condições para andar, vai ver. A manhã de domingo começou com um outro bom pequeno-almoço e um ritmo mais de passeio, que pelo Cartaxo nos havia de levar ao destino. Pelo caminho tive a oportunidade, já que a Heinkel já tinha sido traída e tinha, de fazer um Test-Drive ao “secador” do Júlio, que encurtei com receio de me habituar ao que é bom. Boa para ir ao supermercado e chegar a casa com os ovos inteiros. Ele por sua vez constatou que embora a T5 seja “gira”, não lhe cabem lá os pés. Novamente o Sr. João a tratar de nós como reis, oferecendo inclusive uma escolta policial. Grande Sr. João!
Rumo a Lisboa, estavam já quase cumpridos os cerca de 500Km desta odisseia, começando eu a sentir que realmente um Heinkelista guia tudo. Um passeiozito por locais bonitos de Lisboa, com o rio por perto, oportunidade para conhecer o Tiago Alves, e chegamos ao Vespa clube de Lisboa, onde a Paula e comitiva nos esperava sempre sorridente e prestável. O Ilde acabou por conseguir aparecer também... bolas Como já tinha sido combinado, as Vespas da Tri-Equipa lá saltaram para dentro da Carrinha do omnipresente Paulo e o Júlio Santos ainda foi a casa buscar o carro para nos levar ao comboio. Grande espírito. E por falar em Paulo Salgado. Já repararam que este cavalheiro passa a vida a fazer Km de carrinha para que nós os possamos fazer de Vespa, ou seja ele trabalha para que nós brinquemos. Não foi surpresa, pois não é a primeira vez, mas é de louvar. Obrigado Paulo. Espero vir a ter oportunidade de retribuir. Miguel, Marcelino, Paulo, Vasco e a muito outros que não sei o nome, obrigado por nos oferecerem o vosso trabalho e tempo livre.

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