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Sunday, 5 October 2008

Vivendo com a "Spooky"


O nome acabou por pegar, como eu temia.

Agora é comum ouvir perguntas como "Vais na Spooky?". "Puseste a Spooky na garagem?" Naturalmente a Marta é responsável por esta alcunha, resultado de uma mistura entre o medo que a distância entre eixos da CN 250 lhe causou da primeira vez que tentou conduzi-la e o nome tradicional da agora "outra" scooter cá de casa, a SH 125 Scoopy.

Entretanto já lá vão cerca de 1.500 km refastelado em cima da CN. Digo cerca de 1500 porque o velocímetro e conta quilómetros deixaram de funcionar há cerca de uma semana, durante a viagem para o 2º Camping ScooterPT. É estranho e algo desagradável andar sempre com um enorme zero no mostrador da scooter, mas ainda não tive tempo nem coragem para tratar do assunto.


E que tenho eu a dizer sobre esses tais 1500 km de CN 250? Nada de jeito com certeza, mas aqui vai uma tentativa:

Cidade: Pois já lá vão 4 semanas de uso regular citadino. Ao trajecto tradicional diário de 30 km Casa-Trabalho-Casa há que somar ainda uns passeios aqui e ali, tratar de compras e outros pequenos assuntos e até uma reportagem sobre estacionamentos para a motociclismo com a redactora à pendura!*

A primeira coisa que salta à vista é que a scooter é grande. Muito grande. Ou melhor, muito comprida. Se a pusermos ao lado de uma corpulenta Burgman 650, até parece pequena, mas em comprimento, é imbatível. Infelizmente, isso não são propriamente boas noticias para quem anda no meio do trânsito dessa grande aldeia que é Lisboa. Já perdi a conta às vezes que fiquei entalado entre filas de carros, sem conseguir chegar ao semáforo. Vezes houve até, em que foram os autocarros da Carris que fizeram um esforço para se chegarem ao lado e me deixarem passar. Quem diria!


E isso leva-nos ao outro lado da questão. Sim, ela é enorme (para scooter) mas também é muito visível. Não só pelo tamanho, mas pelo desenho pouco usual, as pessoas reparam na CN e têm-lhe normalmente muito mais respeito do que por uma scooter convencional, como a Scoopy. Tenho sentido isso, uma maior presença na estrada e menos manobras desrespeitosas por parte dos enlatados. Tudo isso se traduz numa sensação de segurança acrescida.

E por incrível que pareça, apesar do tamanho não ser o mais indicado, nem a posição de condução, a verdade é que conduzir a "Spooky" em cidade chega a ser um desafio divertido, mesmo uma forma de arte quando as coisas correm bem. Há que antecipar decisões, estar ainda mais atento, mas o factor "fun" não está ausente. Quanto ao maior gasto de tempo no trânsito, a verdade é que posso sempre compensar com o uso da maior potencia disponível quando a estrada fica desimpedida. O meu tempo médio casa-trabalho na verdade baixou 5 minutos. Os consumos estimados em cidade andam na casa dos 3,5 litros aos 100 km.


Estrada: a deslocação ao Outeiro do Louriçal (Zona de Leiria) para o 2ª Camping ScooterPT foi a oportunidade para a primeira viagem a sério com a CN. Já a tinha trazido de Almeirim, já tinha ido a Setúbal, mas viagem mesmo viagem, foi esta.


Carregada com a tenda, sacos cama e demais apetrechos para um fim de semana de 3 dias de campismo para duas pessoas, a "Spooky" lá arrancou de Lisboa com destino ao Louriçal na manhã de Sexta feira, dia 26 de Setembro. Como de costume, inúmeros imprevistos atrasaram a partida e pela hora do almoço ainda só estávamos na Malveira a encher a barriga. Por esta altura já era claro que o conta-quilómetros e o velocímetro tinham ido à vida. Como o resto da instrumentação funcionava (temperatura e nível de combustível) parecia claro que o problema estava relacionado com o cabo, vulgo bicha, que comunica as rotações da roda ao mostrador.


Seguindo sempre pela N8, para norte, fui sentido grandes diferenças para as viagens com a Scoopy. A principal era mesmo conseguir manter velocidades de cruzeiro a par com a generalidade do trânsito, mesmo que haja sempre aceleras que passam por nós à velocidade da luz... Depois há uma posição de condução muito mais baixa, com um centro de gravidade quase a arrastar no chão, que torna as curvas mais apetecíveis. No entanto, só ganhei confiança a curvar a cem por cento na viagem de regresso, pela mesma estrada, depois de já ter algumas centenas de quilómetros de experiência em estradas nacionais retorcidas. E garanto que foi muito, mas mesmo muito divertido.

A protecção aerodinâmica é muito mais eficaz, mesmo que eu não seja grande adepto de pára-brisas. Também se sofreu menos com o vento lateral, fruto mais uma vez do desenho da scooter e do seu centro de gravidade muito baixo. Não faço ideia das velocidades que atingi, enquanto o velocímetro funcionava não tinha passado dos 110 km/h. De qualquer forma, a potência pareceu-me sempre suficiente e durante a viagem cheguei a ultrapassar vários veículos ligeiros e pesados, mesmo carregados como íamos. Os consumos estimados andam na casa dos 4,0 litros aos 100 km.

Em suma, a CN tem os seus prós e os seus contras, como todas as scooters, mas para mim mantém sobretudo aquela áurea de veículo especial (espacial!!?). Pode ser por vezes demasiado grande, demasiado feia, demasiado comprida... Mas é sempre um grande gozo andar com ela!

*Ver edição deste mês da revista Motociclismo

Sunday, 7 September 2008

Com os pés para a frente em Almeirim


Sábado era o dia. A Marta ia levar-me de carro até à Ribamoto, em Almerim, onde ia buscar a minha nova aquisição, uma Honda CN 250. A Scooter, de 1997, mas desenhada no longínquo ano de 1985, já estava paga e pronta para a entrega. Esta era a terceira viagem que fazia a Almeirim por causa desta scooter, mas valia bem a pena.


A CN250 é também conhecida no resto do mundo como Spazio (Itália), Fusion (Japão) ou Helix, nos Estados Unidos, onde aliás ainda se vendia o ano passado, duas décadas depois do lançamento. O seu desenho ultra baixo, as dimensões generosas, a posição de condução, inauguraram uma nova categoria de veículo, a Maxi-Scooter. Não sendo a primeira scooter avantajada, (vejam a Heinkel Tourist, por exemplo) a verdade é que a CN250 é a mãe do moderno conceito de Maxi-Scooter, sendo sucedida por inúmeros modelos da Honda e da concorrência, onde se destacam actualmente a Yamaha Majesty, a Suzuki Burgman e a Honda Silver Wing.


Este modelos entretanto, cresceram em cilindrada e peso, uma Silver Wing 400 pesa 240 kg, e eles sentem-se, como já tive oportunidade de experimentar. Um CN250 pesa pouco mais de 160 kg em ordem de marcha, e é bem mais fácil de manobrar. Na distância entre eixos, a CN250 ainda é recordista, sendo que os seus mais de um metro e sessenta a separar as duas rodas não foram ainda ultrapassados por nenhuma scooter.


Este modelo é portando uma boa opção para viagens longas, tendo também uma estética muito característica, com um nariz de pato, um perfil muito (mesmo muito!) baixo e a traseira gorda, quase a fazer lembrar uma... vespa?


Aproveitámos a estadia em Almeirim para um excelente almoço e uma visita a um amigo em Santarém. Uma série de peripécias que só sucedem a quem se faz à estrada impediram o regresso antes do pôr do Sol, manifestamente contra a minha vontade. Tudo que eu NÃO queria era regressar pela estrada nacional (a N10) já na escuridão, aos comandos de uma scooter desconhecida (ou quase), mas acabou por ser assim, felizmente sem qualquer incidente a registar.


Hoje fiz umas alterações à scooter, removi por razões estéticas o baú e recoloquei o encosto do passageiro. Dei-lhe também uma lavagem e limpeza geral . A scooter está a precisar de umas coisinhas, que espero ir resolvendo com o tempo. Mas ficam aqui as primeiras impressões a reter:

- A scooter é incrivelmente confortável. As descrições que a qualificavam de "sofá com rodas" confirmam-se inteiramente.

- É uma scooter muito mais estável em estrada, por causa do peso, mas também por culpa do centro de gravidade extremamente baixo. A posição de condução é muito diferente de uma scooter convencional. Como o assento é muito baixo, há que ir literalmente com os pés para a frente.

- Circular com ou sem pendura é muito semelhante, ao contrario do que sucede, por exemplo, com a Scoopy.

- Todas estas capacidades são conseguidas a troco de uma agilidade bastante reduzida, com um raio de viragem ridículo e uma distância entre eixos que não convida a ziguezaguear por entre os carros.

- Tem uma capacidade de carga interessante, mas não pode levar (de série) nenhum capacete, a menos que seja um jet pequeno, mas isso até a Scoopy leva. Há no entanto um engenhoso cadeado exterior para prender um ou dois capacetes.

- O motor é generoso sem exageros, o seu forte está em poder rolar perto da velocidade máxima mantendo as rotações relativamente baixas, logo evitando o desgaste.

- A travagem é só razoável, mas o travão de pé requer alguma habituação. Em dois dias já me sinto confortável com ele, embora preferisse uma manete.


Estou muito contente. A verdade é que nem os plásticos riscados e outras imperfeições que levarão alguns a qualificar a minha nova máquina de "chaço" (mega-chaço, se faz favor) me retiram o entusiasmo. Este modelo é um ícone dos anos oitenta, uma relíquia dos tempos da guerra fria e... da guerra das estrelas. Vá lá, olhem para ela e imaginem que não tem rodas... Não está mesmo pronta a levantar vôo nas mãos do Luke Skywalker?

* Fotos: João Serôdio & Miguel Bessa