Tuesday, 9 March 2010

Primeiros raios de Sol

A previsão meteorológica prometia o primeiro dia inteiramente sem chuva desde há muito tempo. E eu tinha o dia livre. Hum... Talvez desse para compensar o pouco uso que tenho dado à Indiana ultimamente.

Saí de casa de manhã, com a máquina fotográfica, agua, fruta e umas bolachas enfiadas no porta-luvas. Atestei a Indiana até não caber mais uma gota e ainda estreie um bidão de 5 litros de combustível, que tinha comprado o ano passado para usar em viagens longas, que não chegaram a acontecer.

Sem grandes planos, segui pela marginal, a caminho de Cascais e do Guincho. Havia pouco trânsito nesse sentido, e o dia estava realmente solarengo. Infelizmente fazia também bastante frio e cheguei a ponderar vestir as calças de chuva para conseguir aquecer as pernas. Como o tronco e as mãos estavam dentro dos mínimos de conforto, resolvi não parar. Passei pelo Guincho a pensar em como estava pouco vento, para aquela zona. Sigo para Sintra e começam as curvas. Os pneus já estavam quentes, havia pouco trânsito, toca a aproveitar para fazer umas trajectórias decentes.


A Indiana estava a responder muito bem, não sei se era da temperatura fresca, ou só impressão minha, mas estava a ser fácil manter ritmos de 80 km/h, mesmo a subir. Isto entusiasma- me, sinto a scooter mais equilibrada, talvez pelo peso do combustível à frente.

As estradas da Serra de Sintra têm marcas do Inverno rigoroso. Há buracos novos, gravilha e lama em muitos pontos. Mas pior que isso são as zonas de asfalto coberto por lençóis de agua, que escorre dos pontos altos. Apanho o meu primeiro susto numa curva em cotovelo, a descer, venho com os travões cravados quando me apercebo que a estrada está alagada. Tenho um enlatado atrás de mim para ajudar à festa. Alivio os travões e alargo a trajectória, tentando inclinar-me o menos possível e faço a curva nem sei bem como.Tenho que ter mais cuidado, a serra está cheia de pontos assim.

Em Colares tomo a decisão de rumar a Norte. Sigo para as Azenhas do Mar, onde paro para deixar a Indiana arrefecer e fazer umas fotos. Decido arrancar para a Ericeira, mas a meio do caminho mudo de ideias e prefiro ir a Mafra, para mais tarde rumar mais a Norte. Passo pela Terrugem e apanho depois uma estrada mais interior para Mafra. Não conheço o caminho e sou surpreendido por um troço de bom piso, com muitas curvas numa apertada estrada de montanha. Mete algum respeito, mas é absolutamente delicioso!


Chego a Mafra ainda cheio de vontade de devorar quilómetros, por isso acabo por decidir ir por aí a cima enquanto me apetecer. Rumo a Torres Vedras e partilho a estrada com inúmeros ciclistas. Toda a gente parece querer aproveitar os primeiros raios de Sol. Apanho a nacional 8 e por lá continuo. Quase a chegar à Lourinhã, tenho uma espécie de picanço épico com um velhote numa Kymco de 50cc que ainda tem o plástico à volta do banco. Ultrapasso o senhor, com um aceno de cabeça em jeito de cumprimento. Nos próximos quilómetros, por mais que eu me esforce, a Kymco esta sempre nos meus espelhos, a não mais de 25 metros. Ele deve conhecer a estrada, eu ganho em potencia, mas abrando mais nas curvas. O duelo continua até o velhote desaparecer numa estrada secundária.



Falando em velocidades e ultrapassagens, ontem senti-me pela primeira vez, desde os tempos da CN, capaz de acompanhar o trânsito em estrada. Só conseguia fugir de cinquentinhas, camiões (em estrada com curvas!) e tractores agrícolas, mas conseguia manter-me a par dos automobilistas menos aceleras. As mudanças dão uma ajuda importante para manter as rotações pretendidas, mesmo que por vezes sinto ali um fosso entre a 3ª e a 4ª.


Numa paragem na Lourinhã, consulto o mapa da região centro que trago sempre no porta-luvas e concluo que o melhor que posso fazer é rumar à terra do surf, peixe fresco, scooters Peugeot e mini maratonas nocturnas com fogueiras: Peniche!



Estômago cheio, energias retemperadas, fotos tiradas, estou no Baleal e são já três da tarde. Decido regressar. Estou também sem gasolina, pelo que uso a reserva do bidão. Apanho o inevitável IP6, cheio de enlatados enlouquecidos, e depois da Lourinhã venho sempre pela N8, com paragem no Intermarché da Malveira para comprar uma litrada de óleo Castrol, que o meu está no fim. A N8, claro, desemboca em Loures, pelo que apanho a hora de ponta de Loures, Odivelas e centro de Lisboa, antes de regressar a casa pela boa velha marginal. Muito trânsito, muita burrice, muito stress. A Indiana deixa tudo isso para trás. Chego com os últimos raios de Sol e a temperatura a baixar. Foram ao todo 286 bons quilómetros e estou um pouco moído. Moído, mas satisfeito.

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