Tuesday, 6 October 2009
O gato e as filhoses
Agora que já caíram os primeiros aguaceiros, parece que o ciclo primavera-verão está definitivamente encerrado e estamos de novo na fase "deixa-me lá ver se hoje chove". Para mim coincidiu com o fim de um período de férias, onde até consegui fazer alguns quilómetros de scooter, por isso o fim do ciclo fica ainda mais evidente. O parque de motas aqui no trabalho está de novo reduzido a menos de meia dúzia de unidades, e eu próprio pondero utilizar mais os transportes públicos uma vez que não tenho muita confiança no desempenho da Indiana em piso molhado.
Não sei se será dos pneus ou simplesmente da arquitectura clássica da scooter, mas se já não tenho mãos a medir para segurar a Indiana, por vezes, em piso seco, quanto mais com piso molhado. Refiro-me a pequenas escorregadelas que surgem quando falho uma passagem de caixa e meto uma segunda em vez da terceira (!!), ou simplesmente reduzo demasiado cedo para terceira. Ou à travagem muito instável, sobretudo em mau piso e em descidas acentuadas. Será só dos pneus? Não me parece, embora deva admitir que estes pneus bonitinhos "MRF Nylogrip Zapper??" que a Indiana traz de série me parecem estar uns furos abaixo dos Michelim S83 de desenho clássico que equipavam a Vespa PX 150 que experimentei.
Pode haver também alguma insegurança da minha parte, mas tenho que admitir que nunca como agora senti medo de ter um acidente do qual fosse culpado. Com a SH ou com a CN, havia sempre a sensação de não poder controlar o que os outros faziam, mas sentia ter um bom grau de controlo sobre o meu próprio desempenho. Caí uma vez, a baixa velocidade, numa rotunda com óleo. Sem estragos materiais ou físicos. Isso foi tudo o que me aconteceu de que me pudesse considerar culpado.
Mas agora, cada curva, cada buraco, tudo aos comandos da Indiana parecem ser ameaças , enquanto sou ultrapassado sem dó nem piedade por todo o tipo veículos, incluindo scooters automáticas de 50cc! Na Serra de Sintra quase fui ao tapete, em piso seco, só por causa de uma pequena irregularidade da estrada que não vi e sobre a qual passei inclinado (mas não muito) ao descrever uma curva.
Entretanto já totalizo mais de oitocentos quilómetros "indianos", muitos deles feitos em estradas nacionais e regionais e até alguns de autoestrada feitos durante a travessia da ponte vasco da gama, que não recomendo (em dias de vento levem uma muda de cuecas...) A scooter continua algo "presa", embora já chegue aos 80 km/h sem rotações excessivas. Os arranques é que são penosos e para qualquer velocidade acima dos 30 km/h já se vai em 4ª. Em estrada nacional não é problemático manter médias constantes de 70-75 km/h (valores de marcador) embora isso pareça ser para muitos automobilistas portugueses o equivalente a estar parado na estrada.
A caminho de Évora, na nacional 4, além das costumeiras razias e buzinadelas, tive oportunidade de ser intimado por um cidadão a circular pela berma. Este senhor tentou explicar-me que era assim que as coisas se deviam passar, atirando propositadamente o seu Mitsubischi Pajero várias vezes para cima de mim a mais de 100km/h, enquanto buzinava e gesticulava furiosamente.
Quando uma pessoa faz isto, em vez de simplesmente ultrapassar, tendo imenso espaço para o fazer, só há duas hipóteses: ou é louco, ou estamos em Portugal. E como era em Portugal que estava, eu resignei-me a esquecer o incidente. No entanto, a Marta, que seguía atrás de mim na altura, ficou chocada com toda a situação e insistiu que fôssemos à policia. Foi uma tarde inteira perdida em esperas e a tentar explicar porque razão queríamos apresentar queixa, já que os policias de Évora pareciam não compreender onde estava o crime. Um superior lá os elucidou:
Entretanto, se conhecerem um fulano magro, de cabelo curto, que mora em Odivelas e tem um Pajero de chassis longo, com a matricula 94-99-IS, dêem-lhe um pontapezinho na gengiva e digam que vão da minha parte. Eu depois vou à bruxa, que me garantiu que é possível fazer com que o fulano perca o seu emprego na fábrica de estrume, tenha hemorróidas, escorbuto, apanhe sífilis e malária, que a casa dele pegue fogo, a mulher o deixe, o cão o morda, e que para pagar os medicamentos e sobreviver, seja obrigado a vender o Pajero para a sucata, onde este será reciclado para fazer bacios e arrastadeiras de hospital.
E é só isto porque hoje estou bem disposto.
Para descontrair de tanta boa disposição, nada como uma imagem de um animal fofinho. Este gato estava muito interessado na nossa presença no parque de campismo de Évora. Ainda estive tentado a senta-lo encima da Indiana, mas pareceu-me demasiado forçado:
Resumindo, eis os dados desde 16 de Setembro:
LML Star Deluxe 2009 (Linha "Classic") 2.500 Euros com documentos, óleo e ar nos pneus (alguém tinha perguntado...)
Km percorridos: 840 (85,5% estrada; 12% Cidade; 2,5% Auto Estrada)
Média actualizada de consumo: 3,24 l/100km
Velocidade máxima atingida em plano (velocímetro): 85 km/h
Problemas encontrados: Alguns parafusos e porcas mal apertados, motor custa a desenvolver (rodagem?!), travagem difícil de dosear. Pneus bonitos mas pouco aderentes. Há outras questões que não serão bem problemas, mas sim características normais de um modelo baseado num projecto com mais de 30 anos: mudanças imprecisas, muita instabilidade dinâmica, vulnerabilidade extrema ao vento lateral.
Pontos positivos: Muitas emoções por quilómetro! Resistência, quase tudo na scooter é em metal. A mecânica é muito simples e acessível. Cabe em qualquer lado. Tem mudanças. Tem o porta-luvas do Sport Billy. Atrai jovens turistas japonesas, aliás faz sucesso entre o publico feminino em geral. Dá gosto ficar só a olhar para ela. Alem de tudo isso, tem, pasme-se, avisador sonoro de intermitentes ligados!
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