Friday, 7 March 2008
Crash!
Bom, não acontece só aos outros. Estou a escrever este post deitado na minha cama, usando um portátil emprestado, com uma pata no ar, quando deveria estar no trabalho. É o meu segundo dia de imobilização forçada.
Aqui entra um "tudo começou" ou melhor, tudo aconteceu no regresso a casa, na quarta feira. Vinha do emprego, no final do dia, já noite escura e com algum trânsito. Seguia pela rua Direita do Dafundo, no sentido Lisboa. Esta rua é paralela à N6, vulgo marginal, e um pouco mais à frente do Aquário Vasco da Gama existem acessos de e para essa estrada.
No acesso da N6 para a rua onde eu circulava, havia uma pequena fila de carros esperado a sua oportunidade, uma vez que perdem prioridade pela existência de um sinal de STOP. A viatura que encabeçava esta fila era um BMW, da antiga série 5, que me pareceu algo nervoso, o típico espertinho que vai avançando o carro, a ver se alguém se intimida e acaba por lhe dar passagem. Como havia trânsito mais ou menos compacto, e tinha um carro poucos metros à minha frente e outro poucos metros atrás, achei impossível que o condutor tentasse alguma coisa, pelo menos até eu ter passado. Não foi assim, o carro à minha frente passou e a seguir o condutor do BMW atirou o carro para cima de mim. Aconteceu mesmo quando eu estava a passar, ouvi um sonoro "crash" e a frente do BMW embateu na lateral da Scoopy.
Incrédulo, tentei segurar a scooter, que oscilava descontrolada para a esquerda e depois para a direita. Senti que tinha perdido a frente e que aquilo ia doer. Tive tempo de pensar que não era possível aquilo estar a acontecer, mas estava! A Scoopy tombou para a direita e eu fui cuspido. Aterrei sobre o braço direito e dei graças pelas protecções integradas no casaco. Medi mentalmente o impacto, e lembro-me de ter estimado que, se não fosse posteriormente atropelado, ainda podia safar-me dali sem mazelas. Mas não foi assim, porque a pobre Scoopy caiu sobre a minha perna, e isso sim doeu mais que alguma coisa que eu tenha experimentado.
Confuso e com muitas dores, sem saber do estado da minha perna, tentei arrastar-me para fora da estrada, mas não consegui. A scooter ficou imobilizada longe de mim, mesmo no meio da estrada, e a minha mochila com material fotográfico ficou caída no asfalto, alguns metros à frente.
Bom, o que se seguiu foi a enorme confusão que estas coisas costumam originar. De positivo tenho que salientar a ajuda prestada por inúmeras pessoas, a destacar o Sr. da bicicleta (cujo nome infelizmente desconheço) que também era motociclista e que de tudo fez para tornar aqueles minutos mais suportáveis, as duas moças que me ajudaram a juntar as minhas coisas, ofereceram o telemóvel para chamadas e inclusive uma delas, que tinha algum treino médico, chegou a ajudar os bombeiros.
De negativo saliento o comportamento do condutor do BMW, que não fugiu e esteve sempre ali ao lado, mas nunca admitiu qualquer culpa, nem pediu desculpa por ter saltado o STOP. Também não ofereceu qualquer explicação para o que fez e constantemente menosprezava o incidente e fazia piadas sobre o meu estado de saúde ("no Hospital já lhe dão uma perna nova, daquelas de madeira"). Recebi no dia seguinte um telefonema deste senhor, supostamente com o intuito de saber do meu estado de saúde, mas sempre com o mesmo teor de comentários.
Depois de mais de 5 horas no hospital fui mandado embora com a informação de não ter partido nada e com ordens de repouso absoluto para o meu pé, que tinha (e tem) o dobro do tamanho normal. As dores foram grandes, mas com medicamentos a coisa vai ao sítio, mas a minha principal preocupação é que ainda não prestei declarações sobre o acidente, não falei com a seguradora, enquanto o amável senhor do BMW, que desconhece não só o código da estrada como o código de conduta que faz de uma pessoa um ser humano razoável, já teve tempo de dizer tudo o que lhe veio à limitada cabecinha.
A Scoopy, essa está na garagem. Não graças à assistência em viagem, que se recusou a levar uma viatura que estava "a andar". A ignorância e o preconceito neste país contra as motas não têm limites. Então era suposto alguém conduzir pelos seus meios uma mota acidentada, com a direcção completamente torta e sabe-se lá que mais problemas? Só porque o motor pega, tenho que ser eu, cheio de dores e incapaz de conduzir fosse o que fosse naquela noite, a retirar a mota da estrada?
Além de estar a faltar ao trabalho, (na minha primeira semana!), além das dores, dos inconvenientes para mim e para outros, estou receoso de vir a ser prejudicado pela seguradora, como é experiência corrente. Espero conseguir levar mais essa batalha a bom porto.
E não, não vou deixar de andar de "mota".
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