Thursday, 3 January 2008

Primeiros Km 2008: chuva e o pendura de 73 anos

O primeiro dia do ano nasceu cinzento em Lisboa. Nuvens escuras dominavam o céu e onde quer que se fosse era impossível perceber onde estava o Sol. Fui ter a casa da minha mãe, de onde seguiríamos os dois para o nosso almoço de ano novo com a família. O tempo aguentou-se. Apesar de estar cada vez mais escuro, não choveu.

Mas estávamos atrasados, não tínhamos nenhum carro disponível e transportes públicos nos feriados quase não existem. Eu tinha o capacete e luvas da Marta comigo, e sabia que eles serviriam à minha mãe... Fui olhando pela janela e embora o tempo parecesse piorar, ainda não chovia. Se fôssemos de scooter, antes que o mau tempo se instalasse, estaríamos lá em menos de dez minutos.

Mas não era assim tão simples. A minha mãe teve filhos muito tarde, e embora esteja em forma e de boa saúde, não deixa de ser uma venerável senhora de 73 anos de idade. A ideia de transporta-la na Scoopy deixava-me apreensivo. Eu sabia que ela já tinha andado à pendura na scooter (uma NSU) do meu tio, nos anos 60, mas desde então nunca mais tinha sequer chegado perto de um veículo de duas rodas.

Apesar disso, a minha mãe sempre foi das pessoas da familia que menos questões levantou sobre a minha recente paixão pelas duas rodas. Ao contrario de várias outras pessoas, nunca demonstrou qualquer preconceito por esta minha opção. Sendo uma pessoa bastante conservadora e de uma geração muito diferente, demonstra uma abertura de espírito que é realmente pouco comum neste país triste.

Não hesitou em aceitar a minha proposta: iríamos de Scoopy! Acho que estava um pouco nervosa, mas nada disse. Vestiu-se de forma apropriada, e falamos um pouco sobre a postura sobre a scooter. La fora estava a levantar-se vento e a chuva ameaçava cair a qualquer instante. O asfalto estava já molhado em certas zonas. As condições estavam longe de ser ideais, mas por outro lado havia pouco trânsito e a distancia era de pouco mais de 3 km. E assim fomos. A minha mãe subiu para o lugar do passageiro com mais facilidade que alguns penduras que eu já tive, e partimos. Minutos depois estávamos de novo num ambiente quente, em casa da minha avó e prontos para o almoço. Zero problemas. Mais tarde regressamos da mesma forma, também sem incidentes e conseguimos evitar a chuva. Comentários do meu pendura: "Faz um bocadinho de frio..."

O meu regresso a Lisboa não foi tão pacifico, no entanto. Choveu todo o caminho e as minhas luvas acabaram ensopadas. A visibilidade era reduzida e a viseira do capacete embaciou várias vezes. Tirando estas dificuldades, não foi desconfortável. Na verdade, só as "extremidades" sofreram, o blusão aguentou bem, tal como as calças de chuva que trazia. Mas os sapatos que levava, perfeitamente convencionais, e as luvas (de verão) não tiveram muita sorte. Ainda agora estão a secar...

Apesar de tudo, foi um primeiro dia do ano promissor... Um bom ano para todos!

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