Monday, 16 July 2007
Hoje há punk rock no liceu, e no Vespa Gang também
Entrevistei o André num café da Feira da Ladra, local de culto para os tarados do vinil faz muito muito tempo. O blog dele chama-se “Hoje há punk rock no liceu” (música dos Semáforo de 1982) e trata exclusivamente daquela época entre o final da década de setenta e princípio de oitentas onde nascidos do punk o mod revival, o power pop ou a new wave davam cartas. É o regresso dos “punks de fato”. Aleluia.
Costumas comprar discos aqui na feira?
Compro há cerca de quatro anos. Costumo vir regularmente aqui à feira e não só, lojas de velharias, usados...
E lojas de discos?
Sim algumas, mas é mais feiras, feira da ladra, feiras da linha, e sim, algumas lojas de segunda mão.
Algum sítio secreto que não nos possas dizer?
Bem, os sítios secretos quem anda nos discos já os conhece, para quem começa agora nos discos é diferente, mas quem ande há mais tempo já sabe.
E compras só em vinil ou também em CD?
Compro CD mas é muito raro. Praticamente desde que comecei a colecionar vinil deixei um pouco de lado o CD, mas ainda vou comprando algumas coisas.
O que procuras geralmente é o que apresentas no blog ou também procuras outros sons, outras estéticas?
Eu comecei a colecionar foi mesmo pelo facto de ter começado a ouvir power pop e não encontrar em CD quase nenhum registo dessas bandas. A possibilidade eu era adquirir discos que saíram na altura, há vinte, trinta anos atrás e isso é que me impeliu a colecionar discos e assim sucessivamente fui descobrindo bandas e a procura foi-se alargando, mas sempre dentro do punk, power pop, mod revival. Mas também gosto outro tipo de música, do pop dos anos sessenta, britpop dos anos noventa, o shoegazer...
Da tua coleção tens algum disco que seja mais raro ou que tenhas mais estima?
Não são muitos mas tenho uns quantos. Tenho o original dos Seventeens que era uma banda de topo do mod revival, consegui arranjar o original e só existem cerca de mil cópias. Também tenho o Sta-Prest edição portuguesa que é bastante raro e tem quase o mesmo valor de mercado dos Seventeens, outros...os Strangeways que para mim é soberbo, tem uma das melhores músicas de power pop de sempre, a “show here you care”, que é o primeiro single. E depois tenho coisas até francesas, espanholas, sem grande valor de mercado mas curiosas. E tenho a nível de punk o single português do Cock Sparrer, o “runnin riot”.
Todos os discos que aparecem no blog são teus?
Sim, tudo.
Quando é que começaste mesmo a interessar-te por estas bandas de finais de setentas e princípios de oitenta?
Comecei a ouvir graças a um site que está na Internet há bastantes anos, o “modpunkpopfree”, descobri esse site e já lá estavam coisas disponíveis em MP3 e por curiosidade fui tirando e parecia que era eu a escolher mesmo as músicas pois cada música que tirava era melhor que a outra. A partir daí foi à base da Internet, do MP3, descobrir as bandas, e depois veio a necessidade de ter mesmo o original.
És tu que fazes o blog todo sozinho?
Sim, e tudo o que está disponibilizado no blog é material que eu tenho. As revistas e jornais de época também comprei porque por vezes apareciam lá algumas coisas que te interessam, não muitas mas...
Existe uma relação estética, gráfica, naquelas bandas. Concordas?
Sim, o lado gráfico existe sem dúvida, é fácil tu quase distinguires, mesmo que não conheças a banda, pegares no disco e saberes que aquilo é power pop, punk...é logo de chapada, mas claro que há excepções.
Não falas muito sobre as bandas mais conhecidas do mod revival como os The Jam, Secret Affair, etc. Porquê?
Já fiz referência aos The Jam e aos The Chords no blog, mas no fundo não existem muitas bandas mod revival ditas “conhecidas” do público em geral. Mas gosto bastante dessas que falei, também dos Secret Affair, só para dar uns exemplos, embora não escreva tanto sobre elas simplesmente porque já existe grande informação pela Internet. Procuro escrever mais sobre bandas que estão à margem.
Parece que existiram mais bandas dessas ondas em Portugal do que se pensava...
Quer dizer, é difícil as bandas portuguesas da altura se definirem como power pop, eu até acredito que muitas nem soubessem o que era isso, mas a sonoridade encaixa-se perfeitamente no que se fazia em Inglaterra, nos Estados Unidos, ou seja que era mesmo o power pop assumido. Aquele era o som mesmo da época, o que é o pop/rock de agora. Algumas tinham bastante interesse, por exemplo os GNR com o “Portugal na CEE” estava ao nível do que se fazia lá fora. Os Opinião Pública que até apareceram numa colectânea lá fora que englobava vários grupos com aquele som.
Gostei muito da capa dos Manifesto, “Aos Domingos vou à bola”, aquele guarda- redes será o Damas? Parece-me o Damas, é daquela época e com aquele grande estilo...
É capaz, não sei...
Existe alguma banda portuguesa de hoje em dia que possas incluir nesse tipo de som?
Estou um bocado desfasado do que se passa agora, mas é possível.
O que pensas deste interesse recente à volta do universo mod?
Acho que é algo que fazia falta, é claro que se olhares para Espanha a diferença é abismal, a nível de bandas, festivais, editoras, tudo. Mas isto parte das pessoas, ou gostam ou não gostam, eu também descobri e ninguém me mostrou, quer dizer estava exposto na Net mas passou pela minha iniciativa de procurar, gostei e então ficas com a necessidade de procurar mais e sempre mais.
Para terminar, dez nomes.
The Clash – Garageland
The Boys – Weekend
The Chords – Maybe tomorrow
The Speedies – Something on my mind
The Adicts – Joker in the pack
Outcasts – Self conscious over you
Long Tall Shorty – Win or lose
Small World – Gangland warfare
Strangeways – Show her you care
Protex – Just want your attencion
E para quem quiser saber mais;
http://punkmodpop.free.fr
http://www.modrevival.net/
rocknoliceu.blogspot.com
Texto: O Rapaz do Chapéu.
Foto: André “merton”.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment