Tuesday, 8 August 2006

Cronica de Verao: as Aventuras alentejanas.

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Duas picadas e almoço alentejanos.

Isto de andar de Vespa no Verão tem destas coisas. Se no Inverno nos queixamos da chuva e do piso molhado. Nos dias quentes, quando o sol está bem alto e as temperaturas aumentam, sabem bem “rolar” por aí, sem pensar em mais nada. Apenas naquelas coisas habituais de quem anda com uma Vespa. E se a gasolina acaba? E se o motor agarra?
Isto sem contar, com os automobilistas distraídos, que não param nos “stops” ou então que se mandam para cima de ti em plena ultrapassagem. Enfim as coisas normais que acontecem nas nossas estradas.
Neste último fim-de-semana resolvi dar um pulo ao Festival SW, os motivos: ver in loco os Madness, Daft Punk…e também para dar um mergulho nas belas praias da Zambujeira do Mar e arredores. Porque as melhores praias daquela zona ficam nas redondezas da simpatico vila ZM. Descubram-nas urgententemente. A praia do Melro, da Amalia e por ali fora…locais que nos conseguem devolver a vida. Bem haja aos alentejanos que ainda não deixaram destruir aqueles santuários de beleza natural.

Mas a minha aventura não se fica por aqui. Logo a saida de Lisboa, ali em Coina. Agora podia citar a famosa canção do “rapaziada, vamos a coina!”. Mas não vale a pena. Tive um choque frontal com uma abelha!. Resultado: 2 picadas na bochecha e na testa respectivamente. Pela terceira vez neste ano! Em 15 anos a andar de Vespa, nunca levei com tanta mosquitagem. Será das altas velocidades da minha Sprint? Desde que o Manel das Vespas pôs a mãos naquilo, um escape novo e a sprintinha tem andado nas horas.
Agora raramente chego atrasado. Bem, tem dias.
Para melhor visualização desta aventura. Imaginem a minha Vespa com os seus imponentes 80 quilos. Carregada com tenda, duas mochilas, sacos-camas para mim e a minha Maria. Lá fomos em direcção ao Sul.
Chegados a Setubal e ao ferry que liga esta cidade a Tróia. Sabe tão bem passar à frente dos “enlatados” carregados de pessoas cheias de calor e com sede de praia. Afinal estamos no Verão e hã gente que está de ferias imagine-se em pleno mês de Agosto? Que coisa original marcar ferias para Agosto?.
Já em Tróia, foi sempre a deslizar pela costa. Curiosamente, a pior parte de estrada que apanhamos está entre o Carvalhal e a ligação ao IC3 que vai até Sines. Uma estrada bem verdejante no meio do pinhal e zona protegida, mas que devido as raizes das arvores está num estado, digamos que , “saltitante”. Mas faz-se bem. Devido as obras em Tróia, apanhamos com uma camioneta que transportava areia e por momentos ficamos debaixo de uma nuvem de areia. Foi um bom teste, para nos habituarmos a poeira da Zambujeira e recinto do festival. Tão bom!.
Chegada a São Torpes e paragem para almoço, no “Trinca espinhas” onde saímos após umas boas e longas 2 horas e meia…onde deglutimos somente: as entradas! Imagine-se uma refeição completa. Ficariamos ali a tarde toda!?.
Um record alentejano, para nos habituarmos ao ritmo e costumes locais. E lá seguimos.
Já com a Sprint a pedir reserva. metemos gasolina algures numa localidade entre Porto Covo e o Cabo Sardão. Ainda não foi desta que a Maria viu o Cabo Sardão.
Num pulinho, ja estávamos na Zambujeira do Mar e uma entrada apoteotica na vila, com o zumbido da sprint a fazer virar cabeças na nossa direcção.
Logo na praia junto ao bar, a Rally 200 do David, dava-nos a boas vindas! O David surgiu uns minutos depois vindo da praia. Umas cervejas e combinaço para a noite festivaleira.
São Teotónio está uma vila mais bonita e ficamos a conhecer a loja mais gira da zona, que vende roupa , discos e ainda tem serviço de net. A Azimute fica na Praça da República, ali mesmo no centro de São Teotónio, uma vila alentejana a conhecer e curtir os fins-de-tarde ao som das andorinhas, naquelas ruas de uma brancura comovente.
Seguimos para o recinto do Festival e logo o encontro imediato com o Manel das Vespas, que já lá andava a uns dias a curtir como se não houvesse amanhã. A vespa vermelha tinha agora ganhado uma “patine” cor de areia a fugir para o amarelado. Um toque local. E as boas-vindas vespistas com aquele sorriso do Manel e estavamos em casa!

Uma noite cheia de gente ou Las Vegas do Alentejo.

Já dentro do recinto do festival, Marcelo D2 já queimava o palco, num espectáculo muito oportuno e bem balanceado com o seu samba-hip hop e passagem pelo baile funk. Óptimo inicio de noite, depois Skin e o seu som irritante. Lá fomos petiscar as delicias gourmet habituais nos festivais. A fila do McDonalds era longa e bastante concorrida, Prevejo daqui a uns anos jovens festivaleiros obesos, qual povão americano. Para ajudar, bem ao lado desta “cadeia alimentar” estava a Telepizza a vender massa grossa e carregada de gordura altamente benefica para a saude. Tenho pena que não haja comida portuguesa. Uns pratinhos de bacalhau, umas saladinhas de polvo!? Era pedir muito!? Apenas haburguers e cachorros!? Mau…que diga a Maria!! Que lá se safou com uma pizza de queijo e após umas horas já se queixava de fome novamente. Cerveja a 1.50 euros, hamburguers a 3.50/4.00 euros não são preços que se apresentem a um público maioritariamente jovem e estudante!?.

Hey you!! The sound of rocksteady beat...Tha Daft Madness!!

Reunimos, o gangue possivel, junto a tenda da Red Bull e bem próximo do palco vimos os Madness. Logo no inicio, Suggs não se ouvia. A fabulosa intro de “One Step Beyond” apenas se ouviu metade, som pasteloso e baixo. Como este tema, a multidão que tinha fugido da Skinkunansie , voltou para junto do palco principal. Na tenda Oxigenio, os Loto mostravam os temas novos e os seus clássicos e a coisa estava animada. Os Madness arrancaram bem, com a sua versão do “You Keep Me Hanging On” que está incluida no mais recente disco dos Madness “Dangerous”. A coisa parecia ir encaminhada, mas o som fraquinho e dois temas pop da fase 80´s mataram o espectaculo. Apenas conseguindo dar um segundo arranque com o tema “Our House” e no grand-finale com o fabuloso ska de “Night Boat To Cairo”. O David, o Manel e eu suamos as estopinhas, numa noite quente e coreografia ska cuidada. De seguida vieram os Daft Punk e o recinto virou um enorme raveodromo. Os muitos espanhois presentes estavam doidos. Um show de luz e cor. Mais pareciamos estar sob a avenida dos casinos em Las Vegas!...Durante a actuação dos franceses, deve ter havido um consumo brutal de electricidade! Mas consta que as aldeias vizinhas não ficaram as escuras. Com aquele, nunca antes visto, show de luzes que os Daft Punk nos brindaram apostei com o David que se não houvesse barragem de Alqueva, não haveria aquela actuação no Festival Sudoeste. Uma corrente electrica, nunca antes vista, num palco nacional! Fantastico! Quem precisa de fogo de artificio?. Os Daft Punk lançaram foguetes e não nos deixaram apanhar as canas!? E la fizeram um mash up com os seus hits mais conhecidos e aplaudidos. One More Time, Around The World, Technologic, Teachers, Da Funk, Rock’n’roll tudo fundido e remisturado de propósito para esta apresentação em palco. Não utilizei a palavra “ao vivo”, notaram?
Depois disso a festa continuo na tenda, onde os Dezperados, lançavam granadas de mão. Ninguem cabia lá dentro e cá fora dançavam outros mil. Depois fomos fechar o obrigatório Esperma. Bar mitico da Zambujeira, onde encontramos a dupla Zê Dub Loop e o Zê Salvador a lançarem pérolas ritmicas insuspeitas. Rapazes com bom gosto musical. Mas Segundo o Zê Salvador, os Daft Punk ganharam!. Lol

Pós-Las Vegas. Bom dia Beirute!

De seguida arrastei-me até ao Clube da Praia, já com o dia a nascer, som house manhoso mal misturado, mas ninguem se importava muito. Começou a encher e durou até… regime fora-de-horas e ponto de encontro dos morcegos noctivagos com oculos de sol.
Algures num pinhal junto a praia (não digo o nome), lá acampamos. Dormidas umas horas, a Maria tinha de apanhar o autocarro para o Algarve. No centro da vila da Zambujeira. Não havia tabaco, nem sombra, nem bilhetes para autocarros. Lá fomos nós, pelo meio dos montes alentejanos até a Funcheira, a unica estação de comboios e a que fica mais proxima da vila. Num tipico alentejano:”é já ali!!” Percorremos mais de 50 quilometros sob o escaldantes sol das 15 horas. A queimar, até ao coração.

Regresso a casa. Mas porque não fico já aqui?

De regresso, já sozinho, a Sprintinha voava e voava…embora com saudades da Maria.
Já com o depósito na reserva a entrada para Sines, la entrei na terra do Festival Músicas de Mundo. Deve ter sido a segunda vez que entrei em Sines. Aquele final de tarde solarengo, onde o pôr-do-sol laranja já se fazia notar, Sines mais me parecia uma cidade costeira marroquina. De repente imaginei-me a chegar a Essaouria. Na bomba, o senhor mal encarado, lá me disse para fazer pré-pagamento. Disse-lhe que queria atestar, com 6 euros! Um balúrdio de gasolina! No seu acento alentejano, lá me explicou que tinha sido “roubado” em 15 euros de gasolina por um jovem motard a umas horas atrás. Compreendi. Por uns pagam os outros. E o senhor da bomba, que deve fazer mais de 8 horas diárias de serviço, lá teve que pagar os 15 euricos directamente do seu parco ordenado mensal. O dono da bomba, que deve estar na sua rica vivenda no Algarve de ferias mais a sua familia não ficou mais pobre.
Mais estrada pela frente. De novo, percorro a tal IC arejada, que liga Sines a autoestrada para Lisboa e para o mundo. Ultrapasso um autocarro…E digo para os meus botões: que grande Sprint! Que belo passeio.
Sozinho na estrada, apenas tu (a sprint) e eu. Passo o Carvalhal, Comporta e de repente um Volvo branco com caras conhecidas! Era o rapaz do cabelo a playmobil. O Maia, o Tiago, Yuri, Pêpê e Maria João que se ficaram pelas praias da Comporta nestes dias.
Aceitei o convite e fiquei com eles, nessa noite. Conversa animada, uma incursão pelos bares locais, muito mesquito dos arrozais e descanso do vespista. No dia seguinte, praia e biquinis. Leitura atenta do 24 Horas. Um must de fofocas, parece que as top models da Turquia torceram o nariz ás roupas do Miguel Viera. Segundo o artigo, uma oportunidade da internacionalização da moda portuguesa. Penso eu:…na Turquia!? O Herman tem contrato na SIC até Dezembro e depois desse mês não sabe o que vai fazer. Ele ao menos ainda tem um pé de meia generoso, negócios de restauração e o resto do pessoal que trabalha com ele? O que vai fazer? É o salve-se quem puder…
O Maia acordou com a ideia de…Sapateira. E que bela ideia! Duas sapateiras bem fresquinhas, preparadas por ele mesmo. E não é que o rapaz do cabelo a playmobil domina a arte da mariscada!?. Grande petisco na Comporta e em excelente companhia, mais conversa e muito riso. De regresso estrada, só faltava alcançar o ferry que liga Tróia a Setúbal. Uma viagem de ferry com o pôr-do-sol fantastico, numa serra da Arrabida recortada. Que pena aquela cimenteira ali. Olha o convento de Setubal ali em cima iluminado. O Sado corria doce, sem ondas, calmo e sereno. Chegada a Setubal, noite posta cheiro a choco frito na Av. Luisa Todi. Movimento. Regresso a casa, a ponte 25 de Abril. Lisboa daqui de cima parece mil vezes mais bonita. E sempre pronta para nos receber de volta ao seu aconchego.
Noite tipica de Agosto, quente. cidade vazia e com pouco transito. Deve estar tudo nos Algarves. Ainda vou ali a Conchanata comer um gelado daqueles…
E fui. Sinto-me em casa novamente. JX

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