Thursday, 21 August 2008
De volta ao "país que temos"
De vez em quando lá vem a expressão. Ouve-se por todo o lado. É uma espécie de encolher de ombros psicológico, uma constatação triste de que "as coisas são como são", e não mudam. E é algo muito português.
Depois de uns dias no norte de Espanha, eu sabia que ia ter dificuldades de reinserção. Sucede-me sempre que passo uma temporada no estrangeiro, por curta que seja. Uma temporada nalgum sítio onde as pessoas sejam minimamente sérias, onde se cumpram limites de velocidade, onde haja um mínimo de respeito para com os peões, os ciclistas, os scooteristas...
O regresso custa sempre. Cá estou eu de volta às pessoas que vivem de aparências, que não chegam a horas a parte alguma, que não respeitam o mais elementar direito dos outros. À prepotência de quem pode e à rudeza de quem quer. De volta. De volta à merda de cão no passeio. Aos carros em cima de tudo. Às ultrapassagens alucinantes, às razias criminosas, aos excessos e loucuras rodoviárias constantes, vividas com insana naturalidade. Ao primado da ignorância.
Não estou lá muito contente por estar de volta. Se calhar nota-se.
Labels:
civismo
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment