Contratempos/The Skatallites no Armazem F, 11 Novembro.
Tal como tinhamos aqui anunciado a alguns meses atrás, a reentré musical estava animada. Pois estavam confirmadas as vindas dos Skatallites, um regresso ao nosso país depois de um muito festivo concerto no Festival de Sines e um outra data igualmente festiva em Lisboa. Desta vez, foi bem juntinho ao rio, no Armazem F, um bar/restaurante. Há falta de locais com condições dignas para receber música ao vivo, os promotores de concertos desdunham-se para encontrar locais para o efeito. A Xuxa Jurássica, conhecida pelos concertos punk-rock, desta vez apostou nos The Skatallites e a banda pioneira do ska, reggae jamaicano, uma verdadeira instituição musical veio mesmo a Lisboa. Numa noite domingueira, fria. Foi com boa energia e casa cheia que os mestres foram recebidos e deram a receber o groove clássico jamaicano. Perante uma plateia, repleta de jovens, para espanto meu. Ainda bem que temos uma nova geração atento a estes sons. Foi um concerto daqueles bons, quase uma master class de ska, reggae cheia de simplicidade e alegria como se sequer. E a malta respondeu a chamada. Os Skatallites vieram com os seus pesos pesados, os membros originais não mostraram a sua idade já avançada. Cheios do groove, arrancaram logo as primeiras notas uma sessão de baile altamente profissional e replecto de eficácia dançante A experiente e lendária banda jamaicana, juntamente com os novos elementos arrancaram uma noite cheia de ritmo e alegria para gáudio de todos e confirmaram o porquê estarem no panteão dos músicos do mundo. Guns of Navarone foi recebido em apoteose, como não podia deixar de ser. Uma lição de vida e honestidade musical destes lendários Skatallites. Merecem um novo regresso a Lisboa para uma festa ainda maior e cheia de calor.
Antes, actuaram os Contratempos, um dos nossos raros colectivos dedicados ao ska. Os Contratempos, depois de uma paragem forçada e uma nova formação, surgiram no palco do Armazem F, com uma nova direcção musical. Uma voz feminina e um crossover entre o ska tradicional e os temas populares portugueses. Aqui acolá, uma inversão fadista até. Não desgostei, acho que é um novo rumo para estes Contratempos. A continuar a trabalhar assim, podem marcar uma posição ao sol no panorama pop nacional. Num registo ligeiro, divertido e vou repetir, pop, que pode agradar a uma audiência maior, se conseguirem criar temas originais replectos de saudade, alegria e paixão. Compreendo e até admiro a audácia desta rapaziada. Fundir o ska tradicional com as referências musicais portuguesas pode trazer por si, alguma atenção media/público e criar uma espaço inesxistente na nossa cena musical, repleta de cópias de correntes musicais já firmadas entretanto além fronteiras.
Uma evolução a acompanhar, portanto. Talvez em contratempo, como acontece quase sempre na nossa cena musical.
Mas em resumo, foi uma noite simpática, quase em familia. E a confirmação que o ska, tem já alguns aderentes entre nós.
Ratazanas/Humble e The Agrollites Academia de Linda-a-Velha, 23 Novembro.
Em Linda-a-velha, num espaço daqueles que ainda vai resistindo por Lisboa e arredores. Uma colectividade local com uma pequena sala com palco e no andar de baixo o bar, sala de convivio com mesa de snooker e tv sport a dar a bola. Era sexta-feira. O frio chegou agora mesmo. Lá dentro, o ambiente composto por fãs da primeira linha da banda de Los Angeles e alguns curiosos e mais alguns amigos e seguidores das bandas nacionais presentes. Ao todo, deveriam estar 140 pessoas.
Pouca gente para ver, os Aggro, como carinhosamente lhes chamam e duas bandas que estão a fazer algo pelo ska nacional. Primeiro, para surpresa minha, a evolução dos Ratazanas, composto por alguns elementos dos Contratempos. Num registo ao vivo, cheio de garra e animação. Agarraram o pouco público presente, a hora que iniciaram funções. Temas rápidos e com refrões orelhudos prejudicados apenas pelo som. Gostei, dancei e vou acompanhar de perto por onde vão andar estas Ratazanas perfumadas nos próximos dias. A continuar assim, temos banda que vai conquistar adeptos a cena punk, reggae e ska da nova e velha escola. Os Humble, também foi uma surpresa, num som ska nacional mais próximo do tradicional e longe dos tempos Sublime que fizeram influência nos seus primórdios desta formação. Temos vocalista, cheio de garra e carisma.
Duas apostas certas se continuarem neste caminho. Quando é a proxima actuação rapaziada? Estamos lá e apostamos no movimento ska nacional. (N.R.: Tá ali ao lado o link deles)
Durante a actuação dos Humble, muitos deslocaram-se ao bar no piso de baixo, e outros que entretanto chegavam foram directamente para a sala onde decorria o concerto. Quando os The Aggrolites subiram ao palco, já estava a sala muito bem composta. A coisa começou cedo e como já todos sabemos, os eventos em Portugal nunca começam a hora certa.
Reggae Hit Linda-a-velha. Sempre a abrir, num reggae musculado, liderado por Jesse Wagner na voz e sempre excelentemente acompanhado pelas teclas de Roger Rivas. No baixo, J Bonner, fazia me lembrar o Paul Simonon dos The Clash, aliás são notórias e explicitas as referências a banda de London Calling, Brian Dixon na guitarra fez-me lembrar os tempos de juventude de um Mick Jones, aos saltos a la Townsend dos The Who. Na bateria, os Aggro trouxeram um baterista que segundo apurei tocou com os Rancid. Não percebi o nome, mas o homem nunca falhou uma vez sequer. Um concerto muito quente, cheio de reggae/ska, sem paragens numa sessão infernal que ofereceram os temas mais quentes do melhor albúm deles, Aggrolites, de Dirty Reggae e os novos temas de Reggae Hit L.A.. Um espectaculo repleto de...Funky Fire! Tudo muito quente! Uma banda cheia de carisma, estes Aggro e estou certo que conquistaram mais alguns fãs entre nós. Espera-se um breve regresso a Lisboa, para uma sala maior. Não percebo porque os Aggrolites ainda não têm mais fãs entre nós? Eles são fantásticos. Para o final, ofereceram-nos um medley com temas dos Beatles, The Clash... para todos sairem dali a cantarem em plenos pulmões e convictos de que passamos umas horas em boa companhia. Ainda houve tempo para dedicarem uma música ao grande Luis e ao pessoal que os tinha ido ver a Madrid a uns meses atrás. Num ambiente fantástico, quer de público quer pelas bandas que passaram pelo palco da Academia. Don't Let Me Down...Os Aggrolites não nos deixaram ficar mal, muito pelo contrário, o seu som e presença quente foi essencial, para aquecer a malta nessa noite fria de sexta-feira. Até deixei a Vespa em casa coitadinha...
Hoje a noite, a partir das 22.30 vamos ter Nicole Willis & The Soul Investigators no Casino de Lisboa, na Expo, outros dos concertos aguardados pelo gang. Vamos lá estar, a entrada é gratuita. Depois do concerto, atenção ao funk do lendário Keb Darge. Nós vamos. Deixo-vos o video de IF THIS AIN'T LOVE (DON'T KNOW WHAT IS) do álbum que nos acompanhou este Verão nas nossas viagens de Vespa...Se isto não é amor (então não sei o que é)
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